Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo - Análise de dez estudos mostra que enjoos matinais
podem ser sinais de gravidez e bebês mais saudáveis
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Estudo associa sintomas de náusea e vômitos à menor incidência de abortos espontâneos e nascimento de crianças maiores
Rio – Os enjoos matinais característicos de mulheres grávidas podem incomodar, mas são sinais de uma gravidez mais segura e de bebês mais saudáveis. Pelo menos é o que indica estudo publicado na edição de agosto do periódico científico “Reproductive Toxicology” com base em dados de dez estudos conduzidos em cinco países entre 1992 e 2012. Segundo a análise, sintomas como náuseas e vômitos durante a gravidez foram associados a uma menor incidência de abortos espontâneos e ao nascimento de bebês maiores, além de menos risco de defeitos congênitos e melhor desenvolvimento de longo prazo das crianças.
Segundo os autores, liderados por Gideon Koren, diretor do programa de riscos da maternidade do Hospital para Crianças Doentes de Toronto, no Canadá, 85% das mulheres grávidas apresentam algum tipo de enjoo matinal, cujos sintomas variam de leves a severos. Os cientistas acreditam que a rápida elevação dos níveis no sangue de gonadotropina humana, hormônio liberado pela placenta, desencadeia o mal-estar.
A análise foi
feita em estudos que envolveram cerca de 850 mil mulheres grávidas que
investigaram ligações entre as náuseas e vômitos com questões como
abortos espontâneos, partos prematuros, peso dos bebês, anomalias
congênitas como defeitos cardíacos, e o desenvolvimento de longo prazo
das crianças. De acordo com o levantamento, o risco de aborto é mais de
três vezes maior em mulheres que não tiveram os enjoos do que nas que
sofreram com eles. Além disso, mulheres com 35 anos ou mais, que
geralmente têm um risco relativamente maior de abortarem
espontaneamente, parecem ter sido as mais beneficiadas por este “efeito
protetor” dos enjoos matinais.
As náuseas e vômitos também foram
associadas a um menor risco das crianças nascerem abaixo do pelo e com
menor altura. As mulheres com os sintomas também tiveram menos partos
prematuros, 6,4% delas, comparadas com as 9,5% das que não apresentaram
enjoos. Já o risco de defeitos congênitos caiu entre 30% e 80% nas
crianças de mães que tiveram os enjoos, e elas também tiveram desempenho
melhor em testes de inteligência, linguagem e comportamento feitos anos
depois de seu nascimento.
Tomar remédios para reduzir os sintomas
dos enjoos matinais não parece afetar os níveis hormonais das mulheres
grávidas e desta forma não deve alterar os efeitos positivos associados a
eles, dizem os pesquisadores. O artigo, porém, destaca que apenas
alguns dos estudos analisados incluíam informações sobre a severidade
das náuseas e vômitos das grávidas.
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