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terça-feira, 29 de julho de 2014

Você é sincero ou maldoso?

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Thinkstock/Getty Images: Verdade que dói: antes de expor a sua opinião, coloque-se
no lugar do outro, sugere psicólogo
Falar tudo o que pensa, doa a quem doer, nem sempre é uma virtude. Veja se você não está exagerando na sinceridade e aprenda a moderar as palavras ao expor sua opinião 

A vida não é um tribunal em que é obrigatório dizer somente a verdade. No entanto, muita gente se aproveita deste artifício para alfinetar e até mesmo magoar os outros com a justificativa de que não ter papas na língua é uma grande virtude.

Para o psicólogo Jan Luiz Leonardi, mestre em análise do comportamento pela PUC-SP ser sincero a qualquer custo revela um defeito, o egoísmo – afinal, ninguém é dono da verdade.

“A sinceridade funciona como um medicamento. Na dose certa, é saudável, mas se passar do ponto pode ser um veneno”, diz o especialista.

Daí vem o termo ‘sincericídio’, ato ou efeito de dizer a verdade sem medir as consequências e que, pode sim, ser um verdadeiro tiro no pé.

“A verdade extrema pode gerar afastamento e gerar situações de conflito”, reforça Leonardi.

Autor do livro ‘Sincericído’(Ed. Ofício das Palavras), Pablo Nobel defende que é fundamental falar a verdade, pois isso é libertador.
“A verdadeira sinceridade precisa ter um olhar de compaixão, mais do que de crueldade”, argumenta o escritor.

Por isso, utilizar-se de palavras ásperas que machucam não é o caminho certo para expressar o que se pensa. Em muitas situações é crucial filtrar o que vai ser dito e, em especial, ter tato na hora de apresentar uma opinião.

“A maldade tem um efeito agressivo, que incomoda e, neste caso, a sinceridade deixa de ser um aspecto positivo”, avalia o psicólogo. Portanto, quem se aproveita disso está, na verdade, indo na contramão dos benefícios que uma palavra sincera pode gerar.

“Ser sincero significa dizer aquilo que pensa e que honestamente pode ajudar a harmonizar, equilibrar e positivar quem e o que quer que seja”, afirma a coach de relacionamento, Margareth Signorelli.

Mas, afinal como ser sincero sem ser maldoso? Sim, existe uma regra até mesmo para dizer a verdade. A proposta é usar o recurso da sinceridade para somar. Por isso, o psicólogo Jan Luiz Leonardi enumera três pontos básicos que podem e devem ser observados:

- Se colocar no lugar do outro antes de dizer o que pensa

- Prestar atenção na reação do outro

- Atentar à forma como irá falar, colocando sua opinião sempre de maneira assertiva e delicada

De acordo com Leonardi, ao seguir essa linha é quase certo que a sinceridade irá prevalecer em seu aspecto positivo. Afinal, quem intenciona ser maldoso, não costuma ponderar tais questões.

“É importante ressaltar que uma mentira leve e cuidadosa pode ser mais saudável do que uma verdade sem limites que, com certeza, pode causar mais prejuízos que mudanças”, alerta o psicólogo.

Na prática, antes de sair falando tudo o que pensa, Margareth ensina que é fundamental se questionar: minha sinceridade pode ajudar ou trazer algo de positivo para esta pessoa e para mim? Vou ofendê-la? O que eu ganho com isto? Existe outra maneira de colocar as coisas de modo que a minha opinião contribua para um resultado positivo para ambas as partes?

“Essas são boas medidas para encontrar um equilíbrio, pois em qualquer tipo de relacionamento é importante filtrar os excessos”, sugere Margareth.

Dose certa
Falar a verdade e manter a harmonia nas relações sociais exige jogo de cintura. E, para cada situação, vale uma coisa – o grau de intimidade com o outro também altera o tom da sinceridade. O escritor Pablo Nobel defende: ser sincero é uma maneira de olhar o mundo, e isso tem mais de virtude do que de equívoco.

“É possível dizer a verdade sem magoar e, o melhor, sem subestimar o outro. Ao mentir estou menosprezando a capacidade dele assimilar o que é realmente verdadeiro”, pondera.

Para facilitar, Margareth Signorelli, sugere como se comportar de forma sincera em diferentes âmbitos da vida:

Em família
Dentro dela é sempre mais difícil controlar as opiniões e não ofender. As pessoas crescem juntas e conhecem muito bem as fragilidades de cada um. Neste caso, a melhor maneira é usar o que se sabe não como a ‘carta da manga’ para ser usada a qualquer minuto, mas sim que não deve ser usada nunca. A generosidade de se colocar no lugar do outro deve prevalecer.

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Thinkstock/Getty Images: Escritório: ambiente de trabalho exige atenção dobrada
na exposição de opiniões
No trabalho
Esse ambiente exige atenção dobrada na exposição de opiniões. Aqui, a sinceridade deve ser usada para mostrar quem você é, sua opinião sobre diferentes assuntos, pontuando seus interesses.

Tudo que for dito deve priorizar a melhora do ambiente de trabalho e seu crescimento profissional. Sua opinião passa a ser respeitada a partir do momento em que as pessoas percebem que o que você diz é valioso e, não apenas críticas que não acrescentam nada de positivo no trabalho. É importante ter discernimento para escolher se você quer ser um colaborador ou um fofoqueiro.

No amor
É importante alimentar a franqueza desde o primeiro encontro. Não ter medo de dizer quem é, o que gosta, suas necessidades e seus limites. Ser sincero é ser honesto.

“É muito positivo pontuar coisas como ‘não gostei como você falou comigo na frente das pessoas, por favor, não faça mais isto’. Isso é sinceridade, que une e constrói a confiança necessária em um relacionamento”, diz Margareth.

Nas relações sociais
Interações cotidianas com o vizinho, o porteiro do prédio, o atendente da loja, o caixa da padaria, o cabeleireiro e a manicure, entre outros, exigem generosidade e educação. Você pode dizer o que quer, mas antes pense se você gostaria que isso fosse dito para você. Em muitas ocasiões, respirar fundo e esperar o melhor momento para fazer suas colocações também pode mudar o que ia ser dito e assim amenizar um pouco a forma como você coloca as palavras.

Delas

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