Relatório Mundial de Drogas da ONU sugere que a legalização pode aumentar o uso da droga entre os jovens
Nova York - Mais americanos estão consumindo cannabis, à medida que cai a
percepção dos riscos à saúde, segundo Relatório Mundial de Drogas 2014
do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla em
inglês) divulgado nesta quinta-feira — o que sugere a legalização pode
aumentar ainda mais o uso da droga entre os jovens.
Ed Andrieski / AP - Trabalhadores na sala de corte no dispensário Medicine Man, em dezembro de 2013, em Denver, no Colorado |
Em uma descoberta que pode contribuir para um debate internacional
sobre a decriminalização da maconha, a ONU declara que mais pessoas em
todo o mundo estão em busca de tratamento para distúrbios relacionados
com a cannabis.
Ainda é cedo para entender o impacto de movimentos
de legalização recentes nos estados norte-americanos de Washington e
Colorado e do país sul-americano do Uruguai. No entanto, para jovens e
jovens adultos, “regulamentos de maconha mais permissivos estão
correlacionados com a diminuição do risco percebido de uso”, que por sua
vez pode afetar o consumo, segundo o relatório.
A pesquisa sugere
que o declínio da percepção de risco e aumento da disponibilidade pode
levar a uma utilização mais ampla e mais jovens sendo introduzidas à
droga, disse o UNODC. O consumo de cannabis global parecia ter
diminuído, segundo o relatório, refletindo um declínio em alguns países
europeus.
Os estados de Washington e Colorado em 2012 se tornaram
os primeiros nos Estados Unidos a legalizar a maconha recreativa, mas as
leis federais do país ainda proíbem a venda. Citando estatísticas de
antes de as novas regras entrarem em vigor, o UNODC disse que o número
de pessoas nos Estados Unidos com 12 anos ou mais que usaram cannabis
pelo menos uma vez no ano anterior subiu de 10,3% em 2008 para 12,1% em
2012.
Em relação a outros narcóticos, um aumento na produção de
ópio no Afeganistão — onde a área cultivada saltou 36% em 2013 — foi um
revés, enquanto que a disponibilidade global de cocaína caiu junto com a
produção entre 2007 e 2012. No ano passado, a produção mundial de
heroína recuperou níveis elevados jamais vistos de 2008 a 2011, o UNODC
acrescentou.
— Até 200 mil pessoas morrem a cada ano devido a
drogas ilícitas — disse o diretor-executivo do UNODC, Yury Fedotov em um
comunicado.
Em dezembro, o Uruguai se tornou o primeiro país a
legalizar o cultivo, a venda e consumo de maconha, um experimento social
pioneiro que visa arrancar o negócio de criminosos e que será observado
de perto por outros debatem liberalização de drogas. Os críticos dizem
que a legalização não só vai aumentar o consumo, mas abrir a porta para o
uso de drogas mais pesadas do que a maconha.
— Apesar de o
público em geral perceber a maconha como uma droga ilícita menos
prejudicial, tem havido um aumento considerável no número de pessoas que
procuram tratamento para transtornos por uso de cannabis ao longo da
última década — disse o UNODC.
Em um comunicado conjunto, um grupo
de organizações não-governamentais americanas e inglesas apelou aos
governos para que pusessem fim à “cara e contraproducente” guerra contra
as drogas.
Reuters / O Globo
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