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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Novo tratamento pode evitar abortos

Fator imunológico, que é um descompasso genético entre o homem e a mulher, causa expulsão do feto
 
Rio - Abortos espontâneos seguidos são um verdadeiro pesadelo para vários casais que sonham em ter filhos. Entre diferentes motivos que podem causar o fim precoce de gestações, há o fator imunológico, problema ainda desconhecido pela maioria das pessoas. A boa notícia é que existe tratamento, com resultados animadores.
 
O problema está relacionado à genética, segundo Luiz Werber-Bandeira, chefe da Unidade de Imunologia Clínica e Experimental da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Quando as características ligadas ao sistema imunológico do casal são muito parecidas, a mulher não produz durante a gravidez um anticorpo chamado de facilitador, que impede que o corpo da mãe reaja de forma agressiva à presença do feto.
 
“Além disso, a mulher acaba produzindo outro anticorpo que ataca o organismo do bebê, levando a abortos seguidos e aparentemente sem explicação”, detalha o especialista. O mal atinge uma mulher grávida a cada seiscentas.                      

Antes de recorrer ao tratamento correto, os médicos precisam descartar as outras possibilidades, como alterações hormonais, anatômicas e infecciosas, devido à baixa produção de progesterona; má formação uterina ou infecção por toxoplasmose, por exemplo. Depois dessa investigação, Werber-Bandeira esclarece que é realizado o exame ‘cross match’, que mede a compatibilidade entre o homem e a mulher. Se o resultado for negativo, é sinal de que o casal enfrenta a causa imunológica.
 
Coleta de sangue do pai              
A terapia é feita a partir da coleta de sangue do futuro pai, de onde são separados seus linfócitos. O imunologista explica que essas células são aplicadas na mulher através de injeções de 15 em 15 dias, para “sensibilizá-la com os anticorpos do marido”.                       

Depois de algumas sessões, o casal se submete novamente ao teste. Se der positivo, eles podem enfim tentar engravidar. As aplicações são feitas até o final do terceiro mês de gestação. “É importante que o tratamento comece antes da gravidez e se mantenha durante, para diminuir as chances de aborto,” alerta o médico.                       

A estatística mundial de gestações de sucesso quando o método é adotado varia de 67 a 82%. O tratamento ainda não é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em unidades particulares, cada sessão custa em média R$ 300.

O Dia

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