Foto: Justin Sullivan / AFP
As
bactérias de abelhas só foram testadas contra patógenos humanos em laboratório
|
Cientistas da Suécia encontraram propriedades
antimicrobianas no estômago do inseto que podem ajudar a tratar
infecções resistentes
Lund, Suécia - Declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em
abril deste ano, como principal ameaça para a saúde pública, a
resistência aos antibióticos é um problema cada vez mais grave no mundo
ocidental. Durante séculos, as pessoas têm usado o mel cru para ajudar a
combater infecções, mas uma equipe de pesquisadores da Universidade de
Lund, na Suécia, identificou um grupo único de 13 bactérias
ácido-lácticas (BAL) que vêm do estômago de mel (ou “bolsa de mel”) de
abelhas - e são encontradas no mel fresco - que têm capacidade de
combater patógenos.
A “bolsa de mel” é um dos dois estômagos encontrados em abelhas e ela
armazena néctar, que as abelhas operárias mais tarde sugam e armazenam
na colmeia. Em conjunto, essas bactérias vivas produzem uma série de
compostos microbianos ativos, tais como peróxido de hidrogênio, ácidos
graxos e anestésicos, que podem matar outras bactérias nocivas -
acredita-se que esta é a fórmula que protege a colônia de abelhas contra
o colapso.
Infelizmente, estas BAL são processadas fora do mel que compramos
em lojas, mas os pesquisadores agora acreditam que poderia ser usado
para ajudar a tratar a resistência anitibiótica.
A equipe testou as bactérias no laboratório de abelhas contra
estirpes de agentes patogênicos que causam infecções graves em seres
humanos, incluindo a meticilina, Staphylococcus aureus (MRSA), que podem
levar a infecções por estafilococos fatais. A BAL foi adicionada a
estes supermicróbios e, de forma impressionante, ela neutralizou todos
eles. Os resultados fpram publicados no “International Wound Journal”.
Os cientistas também misturaram a BAL com mel e aplicaram diretamente
nos cavalos que tinham feridas que não cicatrizavam e que tinham sido
resistentes a outros tratamentos. Depois de usar a substância da
bactéria do mel/da abelha, todos os ferimentos foram curados.
Até o momento, as bactérias de abelhas só foram testadas contra
patógenos humanos em laboratório, por isso ainda não se sabe se elas vão
ser tão eficazes em feridas humanas, mas estes resultados são
extremamente promissores, segundo os cientistas.
A equipe explicou em um comunicado de imprensa que eles acreditam que
as BAL são tão poderosss, porque elas produzem uma ampla gama de
substâncias, que mudam em resposta a patógenos que eles são contra.
- Os antibióticos são em sua maioria uma substância ativa, eficaz
contra apenas um estreito espectro de bactérias - disse Tobias Olofsson,
o principal autor do estudo, em comunicado de imprensa.
Olofsson explicou, ainda, que quando usado vivo, essas 13 bactérias
ácido-lácticas produzem o tipo certo de compostos antimicrobianos,
conforme necessário, dependendo da ameaça.
- Parece ter funcionado bem durante milhões de anos de proteção da
saúde e do mel das abelhas contra outros microrganismos nocivos. No
entanto, por que o mel comprado em loja não contém as bactérias lácticas
vivas, muitas de suas propriedades originais foram perdidas nos últimos
tempos - acrescentou.
Os pesquisadores vão agora avançar para ensaios clínicos em seres
humanos para ver se o laboratório pode ajudar a tratar infecções
resistentes aos antibióticos. Enquanto isso, podemos começar a estocar
mel fresco e não processado.
O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário