Foto: Odival Reis / Agência O Globo |
Sabor doce da bebida dietética desperta o desejo de ingerir alimentos que engordam para compensar falta de calorias
Rio: As bebidas diet, ou seja, com adoçantes, se tornaram uma alternativa
amplamente utilizada para quem não quer ganhar as calorias contidas nos
refrigerantes que utilizam açúcar comum. Ao mesmo tempo, a população
mundial nunca teve uma taxa tão alta de obesidade.
Alguns estudos já
haviam relacionado o ganho de peso a longo prazo com o consumo de
refrigerantes adoçados artificialmente, o que, a princípio, parece
estranho, já que o consumidor estaria substituindo uma bebida calórica
por outra com zero calorias. Porém, um tim de cientistas liderados pela
psicóloga Sarah Hill, da Texas Christian University, concluiu que o
consumo prolongado de bebidas dietéticas “pode influenciar processos
psicológicos de forma que, ao longo do tempo, aumenta a necessidade do
consumo de calorias”.
Em uma série de experimentos, a pesquisadora e seus colegas
descobriram que bebidas adoçadas artificialmente têm impacto nas nossas
reações subseqüentes a alimentos doces de formas diferentes de bebidas
adoçadas com açúcar ou não adoçadas. A pesquisa, publicada na revista
“Appetite”, sugere que estes produtos podem ativar um desejo sem
satisfazê-lo, aumentando assim a nossa vulnerabilidade ao próximo
petisco de alto teor calórico que cruze o nosso caminho.
O corpo acredita que está ganhando uma bomba de energia, como o gosto
doce do refrigerante sugere, mas, quando o organismo não recebe as
calorias, ele pode entrar em um estado chamado “Onde está a frutose?”.
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Em um experimento, 115 estudantes universitários que estavam em jejum
de pelo menos oito horas beberam uma das três bebidas, servida em um
copo sem marca: Sprite (adoçado com açúcar); Sprite Zero (adoçado
artificialmente); ou água mineral com gás com sabor de limão (sem
açúcar).
Depois, eles passaram por um teste em que foram apresentados a 28
sequências de letras (cada uma piscava em uma tela de computador por 250
milissegundos). Os participantes foram instruídos a pressionar uma
tecla, se a sequência formasse uma palavra real, e outra se não
formasse.
Os pesquisadores observaram quanto tempo cada um deles levou para
perceber as palavras contidas nas sequências, que incluiam sete
alimentos de alto teor calórico (como hambúrguer, biscoito, e pizza) e
sete alimentos de baixa caloria (como aipo e cenouras).
“Os participantes que consumiram a bebida adoçada não calórica
responderam mais rapidamente aos nomes de alimentos de alto teor
calórico em comparação com aqueles que consumiram a bebida açucarada ou a
sem açúcar”, diz Hill no relatório.
Não foram encontradas porém diferenças entre aqueles que beberam o refrigerante com açúcar e a água mineral.
Outro experimento contou com 115 estudantes universitários que
bebiam, da mesma forma, uma das três bebidas. Em seguida, cada um abria
uma caixa que continha uma garrafa de água natural, um pacote de goma de
mascar sem açúcar Trident, e um saco de M&Ms. Depois de avaliar o
logotipo de cada produto e suas embalagens, eles ficavam sabendo que
poderiam escolher um dos produtos para levar quando saíssem.
Aqueles que beberam a bebida adoçada artificialmente estavam 2,93
vezes mais propensos a escolher o doce do que aqueles que tinham
consumido o refrigerante com açúcar ou a água mineral. Os pesquisadores
não conseguiram chegar a uma conclusão definitiva sobre por que o
refrigerante diet teve esse efeito, mas eles suspeitam de que a
explicação esteja na “armadilha” provocada pelo refrigerante diet. O
corpo que acredita que está recebendo uma carga de energia (como o sabor
doce do refrigerante segere) e, em seguida, não ganha o que foi
anunciado, entra no modo “Onde está a frutose?”, ou seja, passa a ansiar
pelo próximo alimento calórico que aparecer. O estudo conclui, então,
que os refrigerantes diet até podem fornecer poucas calorias, mas, ao
mesmo tempo, induzem as pessoas a consumirem mais calorias.
O Globo
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