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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Remédios para emagrecer são bons ou ruins?

Muitas pessoas que querem perder peso adotam a clássica estratégia “fechar a boca e ir pra academia”, mas têm grande dificuldade com a primeira parte e acabam recorrendo a “medicamentos” para regular o apetite. Será que é uma boa ideia? Depende
 
Remédios para emagrecer
Embora haja uma grande variedade de produtos que prometem fazer com que a pessoa sinta menos fome (como a planta Hoodia gordoni ou extrato de grão de café verde), “há pouca ou nenhuma informação rigorosa em relação à eficácia desse tipo de composto”, alerta o médico Timothy Garvey, professor do Departamento de Ciências da Nutrição da Universidade do Alabama em Birmingham (EUA). “Pessoas que compram esses produtos têm grandes chances de estar jogando dinheiro fora”.
 
Garvey recomenda que procurem orientação médica ao invés de recorrer diretamente e sem orientação a produtos para emagrecer. “Há programas de mudanças de estilo de vida e medicamentos que comprovadamente podem ajudar”.
 
Entre os métodos de “estilo de vida”, a pesquisadora Lauren Whitt, também da Universidade, recomenda três: proteínas de manhã, gordura insaturada e frutas cítricas ao longo do dia.
 
“Há muito tempo se diz que o café da manhã ajuda as pessoas com a fome ao longo do dia, mas ele precisa ter proteína. Ovos brancos ou iogurte com pouca gordura são excelentes fontes de proteína que vão ajudar você a se sentir satisfeito por mais tempo, pois o corpo demora mais para digerir e absorver proteínas”, recomenda Whitt.
 
Quando sentir fome mais tarde, uma porção de gordura insaturada pode ajudar. “Pode soar estranho, mas essa é uma gordura saudável, portanto coma algumas colheradas de manteiga de amendoim ou uma porção de nozes”.
 
Por fim, Whitt sugere que você coma frutas cítricas (como laranja, lima e abacaxi) entre ou mesmo durante as refeições, pois isso ajuda a diminuir os níveis de insulina no organismo (evidentemente, essa sugestão não deve ser seguida por diabéticos, que sofrem justamente com baixa quantidade de insulina). “A insulina regula a quantidade de açúcar no sangue e a metabolização de gorduras, então manter os níveis de insulina sob controle ajuda a lutar com a vontade de comer um doce”.
 
O perigo das anfetaminas
É preciso ter cuidado ao procurar soluções milagrosas para emagrecer. Um caso recente de proibição de produção e comercialização de uma substância usada anteriormente como droga para emagrecimento demonstra a fragilidade de certos medicamentos.
 
Anfetaminas são drogas sintéticas que estimulam a atividade do sistema nervoso central. Edellano, em 1887, foi quem primeiro obteve essa substância em laboratório, que foi utilizada em larga escala durante a Segunda Guerra Mundial para manter soldados acordados e mais ativos no esforço de guerra. Com sua ampla utilização, ficou evidente que as anfetaminas, que se mostraram eficazes para deixá-los mais atentos e confiantes, também diminuíam a sensação de fome e fadiga.
 
Passado algum tempo, porém, as autoridades médicas da Inglaterra verificaram que, sob o efeito dessas drogas, o desempenho dos pilotos ficava seriamente comprometido e proibiram seu uso. Mais tarde, quando a ação das anfetaminas como inibidoras do apetite foi comprovada, elas passaram a ser tomadas por pessoas que queriam perder peso.
 
Uma pesquisa revelou que o Brasil era o maior consumidor mundial de anfetaminas – para cada mil habitantes, nove comprimidos de anfetamina eram consumidos por dia. Essa droga que produz tolerância e traz prejuízos indiscutíveis à saúde agora foi proibida no país.
 
Segundo o Dr. Táki Cordás, dependendo da droga, sua ação pode durar oito, dez ou até doze horas. Passado o efeito, porém, o indivíduo se sente deprimido, angustiado, como se estivesse descarregado, o que provoca a necessidade de consumir de novo um ou mais comprimidos.
 
O ecstasy ou MDMA, sigla dessa droga, é um derivado da anfetamina. As anfetaminas agem não só sobre o cérebro, mas sobre outros órgãos e provocam aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, arritmias, diarreias, gastrite, tremor fino de mãos, boca seca, irritabilidade intensa, etc.
 
Podem, ainda, ser responsáveis por episódios de intestino preso que, muitas vezes, se alternam com crises de diarreia. Certos tipos de anfetaminas podem até provocar mais acidentes vasculares cerebrais, ou derrames, em virtude do grande aumento da pressão arterial que provocam.
 
Por conta de tudo isso, ano passado, a diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu proibir a venda de parte dos medicamentos inibidores de apetite no país. Foram retirados do mercado os derivados da anfetamina (femproporex, anfepramona e mazindol), geralmente usados no tratamento da obesidade.
 
O órgão manteve a permissão da venda da sibutramina com um maior controle (a apresentação, por exemplo, de um termo de informação sobre eficácia e segurança do medicamento, assinado pelo médico e paciente). A droga também não pode ser prescrita por mais de 30 dias e recomenda-se que o paciente tenha IMC (índice de massa corporal) maior do que 30. Existem estudos que indicam que a sibutramina pode aumentar o risco de problemas cardíacos em pacientes com fatores de risco.
 

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