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sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Uso indiscriminado de esteroides oferece riscos incalculáveis à saúde

Tumores no fígado, disfunção erétil e problemas cardíacos atingem quem abusa desse tipo de medicamento
 
Restrições quanto ao uso de medicamentos deveriam ser seguidas à risca pelas pessoas. Todavia, a automedicação é prática comum até mesmo pela facilidade com que se pode obter um fármaco específico.
 
Comercializados com o objetivo de auxiliar pacientes com hipogonadismo, déficit de crescimento ósseo ou muscular, que necessitem de estímulo para desenvolver apetite, os esteroides androgênicos anabólicos acabam sendo “vilanizados” por causa de um grupo que os usa (geralmente em excesso) sem prescrição médica apenas para ter um corpo escultural sem a necessidade de maiores esforços. Tal uso descabido pode acarretar diversos problemas que comprometem a saúde do usuário e pode levá-lo à morte.
 
Os anabolizantes são administrados tanto por via oral quanto por meio de injeções. As substâncias variantes da testosterona adentram o organismo e se espalham por órgãos e tecidos.
 
“Há a estimulação das células musculares com retenção de líquido em demasia, o que acaba provocando um inchaço”, comenta o oncologista Volney Soares Lima.
 
A capacidade de contração do tecido também aumenta, devido ao crescimento da produção de proteínas nas células. Com o maior poder de contratilidade aliado ao inchaço celular, fica mais fácil para o músculo “crescer” e esse processo é o primeiro passo para se adquirir o tônus muscular tão desejado.

Apesar desses benefícios, alguns efeitos colaterais em decorrência do uso dos esteroides androgênicos anabólicos – principalmente quando em excesso e sem acompanhamento médico – devem ser ressaltados. Como são metabolizados no fígado, os anabolizantes tendem a provocar maior dano nesse órgão.
 
“Aumenta-se e muito o risco de desenvolvimento de tumores hepáticos”, destaca o médico. Além da elevação da pressão sanguínea, aumento do LDL (lipoproteína de baixa densidade) em detrimento do HDL (lipoproteína de alta densidade) e alterações no ventrículo esquerdo do coração, os hormônios esteroides podem comprometer a fertilização tanto feminina quanto masculina e causar disfunção erétil no homem. De acordo com o especialista em ginecologia e obstetrícia Antônio Eugênio Motta Ferrari, no caso da mulher a nocividade é ainda maior.

“A quantidade exacerbada de hormônios masculinos no organismo feminino desregula totalmente a ovulação e a menstruação. Além disso, há grande aumento do risco de cisto nos ovários”, afirma Ferrari. Ademais, as alterações corporais também são mais perceptíveis nas mulheres.
 
“O engrossamento da voz é irreversível, ocorre um aumento no clitóris e há também o surgimento da acne na pele, tal qual nos homens”, destaca. “A mulher sofre um processo de masculinização que pode chegar a interferir na relação entre gêneros inclusive”, completa o médico.

No caso do homem, a atrofia do testículo é dos problemas mais corriqueiros, já que produz-se testosterona em menor quantidade e ingere-se ou injeta-se o hormônio com frequência maior. “O cérebro atua como um estimulante da produção do hormônio. No entanto, quando se usam anabolizantes em excesso, o principal órgão do sistema nervoso supõe que a produção segue normalmente. Isso acaba levando à atrofia dos testículos”, informa o especialista.

Os homens ainda são acometidos por um problema que lhes causa extremo constrangimento, além de outros prejuízos à saúde: a ginecomastia.
 
“Indivíduos que sofrem deste problema, o crescimento anormal das mamas, geralmente têm ou já tiveram um histórico de uso de esteroides anabólicos androgênicos”, afirma Clécio Lucena, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional Minas Gerais.
 
O especialista acrescenta que muitos dos pacientes que o procuram passam por determinado embaraço. “O público masculino acaba passando por certo constrangimento. Muitos pacientes chegam para mim já com esse comportamento. Ressalto que a única forma de reverter o quadro é por meio de intervenção cirúrgica. Medicamentos não ajudam em absoluto na reversão”, ressalta.
 
Na academia
O personal trainer Gustavo Malva reforça o coro dos outros profissionais e revela que a convivência com os anabolizantes num ambiente de academia é constante.
 
“Na minha área pode-se ver a todo momento pessoas à procura ou fazendo uso de anabolizantes, algumaspor total falta de informação e outras por vontade própria mesmo”, explica.
 
“Atualmente, esse culto ao corpo que a mídia tanto difunde faz que alunos me perguntem com frequência sobre os efeitos dos esteroides, sobre os benefícios e malefícios. Até mesmo os que já utilizam os hormônios estão a todo momento buscando informações de venda de novas substâncias no mercado”, explica o profissional.

Malva informa que muitos ainda confundem suplementos alimentares com anabolizantes. “Como já diz no nome, suplementos são complementos com o objetivo de suprir a dieta, fornecendo vitaminas, nutrientes, entre outros que sejam consumidos de maneira insuficiente pela pessoa. Muitos confundem estes com os esteroides anabólicos”, destaca.
 
Quanto à melhor maneira de ficar em boa forma, o personal trainer comenta que é de suma importância ter acompanhamento médico e de profissionais para auxiliar nos treinamentos e afins.
 
“Para ganhar massa muscular, manter o corpo saudável e em forma sem se agredir ou prejudicar a saúde tem de praticar exercícios físicos, especialmente os que mais lhe deem prazer, e ter uma alimentação balanceada. Além disso, é mandatório o acompanhamento de profissionais que possam orientar adequadamente”, finaliza.
 
Nos esportes
Caso emblemático, o multicampeão da Volta da França, o ciclista Lance Armstrong, foi banido do esporte pelo uso de diversas substâncias ilegais, incluindo esteroides anabolizantes. Vale frisar que uma crise se instaurou no mundo do ciclismo, levando um grande número de profissionais a admitir a culpa quanto à utilização dessas drogas. No Brasil, a nadadora Rebeca Gusmão foi flagrada no exame antidoping que detectou o uso de esteroides anabolizantes em 2007, durante a disputa dos Jogos Pan-Americanos, no Rio de Janeiro. Tal qual Armstrong, Rebeca não mais pode competir.
 
Eritropoietina
A eritropoietina, comumente conhecida como EPO, não deve ser confundida com esteroides anabolizantes. Seu uso médico tem como enfoque o tratamento de anemias graves. O estímulo provocado pelo hormônio de glicoproteína na produção de hemácias faz com que a substância seja a favorita de muitos atletas que enfrentam provas que demandam bastante esforço. Lance Armstrong utilizava eritropoietina a fim de ajudá-lo nas competições.
 
Saúde Plena

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