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terça-feira, 26 de maio de 2015

Petição alerta para relação entre anticoncepcionais e trombose

 Reprodução/Change.org: Abaixo-assinado reúne mais de 28 mil apoiadores
Abaixo-assinado quer que médicos peçam exames antes de receitar a pílula
 
Rio — Em 2003, a esteticista Danielle Fortuna foi internada com uma trombose na perna, aos 18 anos. A carioca tomava pílula anticoncepcional há oito meses e, segundo os médicos, a enfermidade estaria ligada ao uso do medicamento. Dez anos depois, Danielle passou por alguns exames que apontaram que ela nunca deveria ter tomado a pílula. Hoje com 29 anos, a esteticista criou um abaixo-assinado endereçado ao Conselho Federal de Medicina (CFM) pedindo atenção para o problema. O documento, iniciado há duas semanas e que já reúne mais de 28 mil apoiadores, pressiona o órgão para que recomende aos médicos pedir exames antes de receitar anticoncepcional oral para pacientes.
 
— Nenhum médico me avisou sobre os riscos de tomar o medicamento — lembra. — Ainda hoje tenho sequelas. Não consigo andar rápido e tenho três veias da perna que seguem entupidas.
 
De acordo com a médica especialista em ginecologia e obstetrícia Aparecida Monteiro, a relação do anticoncepcional com a trombose é rara, mas é uma realidade e acontece porque as pílulas têm hormônios em sua formulação. Quando sofremos um corte, explica, as plaquetas convergem para o local do machucado e formam um trombo (coágulos) que bloqueia o sangramento. A trombose ocorre quando os coágulos caminham para um local onde não houve sangramento — nas regiões inferiores do corpo, como panturrilha e coxas, e, ocasionalmente, nos membros superiores. Portanto, as mulheres devem estar atentas à sensação de pernas pesadas, doloridas, inchadas e com manchas, além de falta de ar ou cansaço. O estrógeno, ou a combinação dele com a progesterona, pode afetar a circulação sanguínea de diversas formas, aumentando a dilatação dos vasos, a viscosidade do sangue e o sistema de coagulação.
 
— O risco é maior em pessoas com predisposição. Não é em todas que a doença aparece. É um evento raro. Assim, a gente não tem evidência científica que justifique a triagem dessas pacientes com exames laboratoriais. A sociedade médica precisa se reunir para verificar a real validação deles — afirma Aparecida.
 
Conversa pré-diagnóstico
A médica explica, no entanto, que é preciso que o médico dialogue com a paciente para obter o histórico familiar de doenças específicas. É preciso levar ainda em conta fatores como tabagismo, alteração de pressão, obesidade e sedentarismo.
 
— A mulher hoje decide tomar pílula, vai à farmácia e compra, sem passar por um profissional. É necessário muito mais que um abaixo-assinado para rever as diretrizes. É um problema cultural e social — alerta a médica.
 
Procurado pelo GLOBO, o CFM afirmou que encaminhará a solicitação do documento “à sua Câmara de Ginecologia e Obstetrícia para avaliar as questões técnicas e éticas relacionadas ao pedido, se manifestando posteriormente”. Já a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que a subnotificação dos eventos adversos detectados com os medicamentos ainda é uma das dificuldades encontradas no processo de trabalho, uma vez que a comunicação é voluntária.
 
Fundadora da página do Facebook “Vítimas de anticoncepcionais”, a professora universitária Carla Simone Castro, de 41 anos, que teve trombose cerebral seis meses após iniciar o uso da pílula, esclarece que desde agosto do ano passado, quando o coletivo foi criado, há mais de 1.400 depoimentos de mulheres relatando problemas com o medicamento. Ela lembra que, no dia 9 de junho, vai acontecer uma audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir o assunto com autoridades de saúde.
 
O Globo

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