Divulgação/ U.S. Drug Enforcement Administration Cristais de flakka são apreendidos pelo departamento para repressão de narcóticos dos Estados Unidos |
Fort Lauderdale, EUA - Uma droga sintética cada vez mais popular na Flórida está por trás de uma série de crimes bizarros no estado americano, segundo a polícia local. Um homem correu pelado por um bairro, tentou fazer sexo com uma árvore e disse a um policial que ele era o deus Thor, da mitologia nórdica. Já outro correu pelado pelas ruas movimentadas de uma cidade em plena luz do dia, certo de que uma matilha de pastores alemães o estava perseguindo. Outros dois tentaram invadir o Departamento de Polícia de Fort Lauderdale. Eles achavam que havia pessoas os perseguindo, e um deles acabou empalado em uma cerca.
O elemento comum em todos esses incidentes bizarros que ocorreram nos últimos meses é a flakka, uma droga sintética que está ficando popular na Flórida. Também conhecida como “cascalho” e vendida por cerca de US$ 5 (R$ 15) o frasco, a substância está se tornando um problema crescente para a polícia, depois que chegou ao mercado em 2013.
Ela é a mais recente em uma série de drogas sintéticas — que inclui ecstasy e “sais de banho” — mas, de acordo com as autoridades, a flakka é ainda mais fácil de se obter, em pequenas quantidades, através do correio. O ingrediente ativo da flakka é um composto químico chamado alfa-PVP, que está na lista do U.S. Drug Enforcement Administration (DEA, o departamento para repressão de narcóticos dos Estados Unidos) de substâncias controladas com maior probabilidade de provocar o vício. O produto é geralmente fabricado em países como a China e o Paquistão.
A flakka — termo derivado da palavra em espanhol usada para designar uma mulher magra — é normalmente vendida em forma de cristais e fumada com auxílio de cigarros eletrônicos, populares entre os jovens e que não emitem cheiro. A droga também pode ser cheirada, injetada ou ingerida.
— Um viciado uma vez descreveu a droga como “insanidade por US$ 5” — disse Don Maines, conselheiro no tratamento de dependência química que trabalha no Departamento de Polícia do Condado de Broward, em Fort Lauderdale. — Eles querem experimentar porque é muito barato. A droga amplia a sensação de consciência. Eles se sentem mais fortes e ficam mais sensíveis ao toque. Mas depois vem a paranoia.
Divulgação/ Broward Sheriff's Office: Cápsulas de flakka confiscadas pela polícia da Flórida em fevereiro deste ano |
— É definitivamente algo em que estamos de olho. É uma droga em ascensão — comentou Chad Brown, agente especial do Departamento de Polícia da Flórida.
Segundo Brown, sua divisão está treinando policiais para que eles possam reconhecer a flakka e seus efeitos em usuários. Mas há um desafio: os fabricantes da droga fazem pequenas alterações na composição química da substância, para dificultar seu reconhecimento nos laboratórios. Além disso, ela é frequentemente misturada a outros entorpecentes, como crack, cocaína e heroína, com efeitos ainda pouco conhecidos. Com o uso contínuo por pouco mais de três dias, já pode ser possível notar mudanças de comportamento graves nos usuários.
— A droga começa a reprogramar a química do cérebro. Os usuário não têm controle sobre seus pensamentos. Eles não podem controlar suas ações — alertou Maines. — Parece ser universal a sensação de que alguém os está perseguindo. É uma droga extremamente perigosa.
O Globo
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