Reproduçã/Pixabay Cérebro de pessoas obesas tem uma maior resposta para fotografias de comida do que as de pessoas magras |
Rio - Um estudo recente lança luz sobre como os agonistas do receptor GLP-1 alteram a resposta do cérebro à comida, possivelmente reduzindo os desejos e aumentando a satisfação quando se come. A pesquisa, apresentada nesta terça-feira na 75ª Sessão Científica da Associação Americana de Diabetes, mostra que medicamentos à base de hormônios usados para tratar o diabetes - como agonistas do receptor de GLP-1, um regulador da glicose - mostraram-se eficientes para reduzir o peso corporal. Os investigadores têm trabalhado para entender como.
Estudos anteriores mostraram que o cérebro de pessoas obesas tem uma maior resposta para fotografias de comida do que o de pessoas magras, e uma resposta do sistema de recompensa reduzida durante o consumo de alimentos, o que pode levar a excessos. Pesquisadores em Amsterdã testaram a hipótese de que o receptor agonista GLP-1 exenatida - a medicação que imita os efeitos do GLP-1 natural ao se ligar ao receptor de GLP-1 - estava ajudando os pacientes com diabetes tipo 2 a perder peso, alterando a resposta do cérebro ao consumo de alimentos e diminuindo o apetite.
“Quando você come, há vários hormônios que são liberados. GLP-1 é um deles”, explicou Liselotte van Bloemendaal, uma doutoranda no Centro de Diabetes da Universidade VU Medical Center, em Amsterdã. “Esses hormônios retransmitem as informações para o sistema nervoso central sobre o status nutricional para regular o apetite. Usando imagens de ressonância magnética funcional (que medem a atividade do cérebro através da detecção de alterações no fluxo sanguíneo), nós olhamos os centros de recompensa no cérebro de indivíduos obesos com e sem diabetes tipo 2 e medimos a resposta à antecipação de consumir achocolatado, enquanto recebiam um agonista do receptor de GLP-1 por via intravenosa versus o placebo. Descobrimos que a ativação do receptor GLP-1 diminuía a recompensa alimentar antecipada, o que pode reduzir a ansiedade e a sensação dos alimentos, assim evitando excessos”.
A estudiosa acrescentou, ainda, que, em um contexo de aumento global dramático na prevalência da obesidade, novos insights sobre os mecanismos pelos quais esses centros de recompensa são ativados são necessários. Além disso, uma investigação mais aprofundada também deve ocorrer para estudar se adicionar um segundo hormônio, como o glucagon, ao tratamento com agonista do receptor GLP-1 poderia acentuar ainda mais a perda de peso.
Bloemendaal está interessada em determinar se os agonistas do receptor de GLP-1 podem alterar a vontade de drogas, álcool e nicotina em humanos, oferecendo um possível alvo terapêutico para desordens de abuso de substâncias. O Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos, aprovou recentemente o primeiro agonista de GLP-1 para o tratamento de obesidade nos Estados Unidos.
O Globo
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