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quarta-feira, 10 de junho de 2015

Relação com indústria coloca agência dos EUA em xeque

A credibilidade dos CDCs (Centros de Controle e Prevenção de Doenças), agência que concentra todas as ações de saúde pública nos EUA, tem sido posta em xeque após revelações de que recebe financiamento da indústria farmacêutica
 
Em recente artigo na revista científica “British Medical Journal”, a editora Jeanne Lenzer relata como essa relação pode ter afetado decisões da sexagenária organização.
 
Em 2014, dos US$ 52 milhões levantados pela fundação, US$ 12 milhões vieram de corporações, muitas das quais farmacêuticas. Também em 2014, os próprios CDCs receberam US$ 16 milhões de “doações condicionais”, destinadas a projetos específicos, vindas da indústrias e de pessoas físicas.
 
Por exemplo, em 2012, a Genentech destinou US$ 600 mil em doações à Fundação CDC para a promoção de testes e tratamento das hepatites virais. Tanto a Genentech como a Roche (sua empresa-mãe) fabricam kits de teste e tratamentos para hepatite C.
 
Segundo Lenzer, várias recomendações dos CDCs consideradas controversas estão associadas a essas “doações condicionais”.
 
É o caso da recomendação feita em agosto de 2012, quando os CDCs emitiram a orientação de que todos os nascidos entre 1945 e 1965 fossem testados para hepatite C.
 
A agência justifica a recomendação citando drogas antivirais que “podem “”interromper a progressão da doença e proporcionar uma cura virológica” (eliminação viral após conclusão do tratamento) na maioria das pessoas.
 
Dos 34 membros do grupo de trabalho externo, que escreveu e revisou a recomendação dos CDCs, nove já tinham tido relações financeiras com farmacêuticas.
 
Ao “BMJ”, os CDCs disseram que consultores externos não tinham laços financeiros com as indústrias que fabricam testes ou medicamentos para hepatite C e que houve isenção na tarefa.
 
Outra crítica é ao fato de a agência e sua fundação terem aceitado doação da Roche (fabricante do antigripal oseltamivir) para campanha contra gripe a agência defende que o uso dos antigripais se baseia em estudos independentes, mas investigações apontaram que os autores tinham laços com as fabricantes.
 
Repercussão
Para Marcia Angell, ex-editora do “New England Journal of Medicine”, operações financeiras com as empresas biofarmacêuticas podem ameaçar a credibilidade que os CDCs têm entre os médicos e a população.
 
Adriane Fugh-Berman, professora na Georgetown University e pesquisadora sobre conflitos de interesse, diz que farmacêuticas estão “infiltradas” nos CDCs. “Aceitar dinheiro da indústria e tê-la como parceira compromete a missão da saúde pública”, disse à Folha.
 
O diretor dos CDCs, Tom Frieden, informou que “parcerias público-privadas permitem fazer mais e mais”.
 
Segundo ele, a agência se pauta por valores fundamentais de transparência, respeito e integridade.
 
“Quando surgem possíveis conflitos de interesses, investigamos duro para garantir que as políticas e as diretrizes sejam feitas sem a interferência de doações externas.”

Folha de São Paulo

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