Laboratório carioca desenvolveu técnica. Teste poderá ser feito a partir de janeiro
Daqui a um mês, os diagnósticos do zika vírus poderão ser feito em minutos, apenas com o espetar de um dedo. A técnica rápida e barata já diagnostica doenças como dengue, chikungunya, HIV, sífilis, hepatites B e C, toxoplasmose, hanseníase, malária, mioglobina, e creatinina. Ela está sendo desenvolvida pelo laboratório carioca Orange Life, que já exporta para vários países.
Os resultados saem em menos de 20 minutos e são feitos com o auxílio de um aparelho, o Smart Reader. Cada doença tem um teste específico com partes isoladas do vírus. O paciente fura o dedo, assim como um aparelho de teste de glicose, coloca uma gota de sangue em uma paleta e a insere no aparelho. É possível, ainda, inserir os sintomas apresentados pelo paciente para se obter o diagnóstico. O aparelho é aprovado pela Anvisa. A alternativa foi desenvolvida pelo médico italiano Marco Collovati. É considerada na área de saúde como uma opção mais barata e rápida em comparação a outros testes: o molecular e o sorológico, que não saem por menos de R$ 1 mil e o resultado pode demorar até dez dias.
“Temos várias comunidades ao redor do mundo sem acesso a diagnósticos”, aponta Marco ao justificar a criação da empresa. Segundo ele, não é possível afirmar, agora, o valor que os testes de zika terão. A Orange Life cobra hoje em média R$ 25, cada para o consumidor final. De acordo com Marco, a ideia de fazer diagnósticos populares surgiu quando ele, recém-chegado ao Brasil na década de 1990 foi morar no Pavão-Pavãozinho e sem condições de se alimentar, ficou doente e percebeu o quanto pessoas pobres morrem por doenças tratáveis.
“Comecei a elaborar métodos baratos para identificação dessas doenças”, lembra ele, que exporta anualmente mais de cinco milhões de testes para países como China, Peru, Angola, Irã, Tailândia, Camboja, Estados Unidos, Equador e Republica Dominicana.
“Com o método que já temos é possível chegar ao diagnóstico de zika por exclusão”, aponta Marco, que afirma que o diagnóstico pode ser feito por uma junção de exclusão e sintomatologia. Em nota, a Anvisa informou que a obtenção de resultados negativos para dengue e chikungunya não permite concluir que o indivíduo está infectado por zika com base simplesmente na sintomatologia. Uma amostra biológica deve ser testada por metodologia molecular (RNA-PCR) disponível, que ainda não é possível este tipo de diagnóstico.
Objetivo: Farmácias e campanhas
Quinta-feira, um grupo de estudantes de Social Business (Negócios Sociais) da National University of Singapore veio ao Brasil para conhecer a metodologia desenvolvida pela Orange Life. “O Brasil é um grande foco de economia social e solidária, é uma referência na área”, afirmou o professor Albert Teo.
O grupo de estudantes passou duas semanas no Brasil em busca de referenciais na área, além do Rio, visitaram São Paulo. “Fomos em várias empresas. É importante avaliar o que está sendo feito em várias áreas”, completa o professor que traz seus estudantes para o país há três anos e já planeja a volta para o Brasil em 2016. “A Orange Life é a única carioca que visitamos desta vez, precisamos de mais iniciativas assim”, aponta.
Atualmente os exames rápidos podem ser feitos nos laboratórios Sangue Bom, que a Orange Life possui no Rio. Um no Itanhangá e outro no Recreio, além de três outras unidades na Bahia, mas a empresa planeja distribuir para o país e que os exames possam ser feitos em farmácias. “Nossa ideia é que a técnica possa ser usada em campo, sejam em hospitais ou em campanhas”, aponta Marco. Ele planeja ainda a expansão de seus negócios em território nacional para o Rio de Janeiro e Minas Gerais.
“O estado da Bahia também importará a técnica para usar em hospitais”, diz Marco. Ele afirma que o governo estadual está apresentando a técnica para seus prefeitos.
O Dia
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