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terça-feira, 17 de maio de 2011

Ativista menstrual incentiva mulher a celebrar sangramento

Segunda-feira passada foi comemorado o dia da menstruação. E não era marketing de marca de absorvente.

Era ativismo menstrual. O termo é usado para descrever ações como falar abertamente sobre o assunto ou promover produtos ecológicos para usar "naqueles dias" --expressão que não deve agradar às ativistas.

Quem são elas? O slogan da campanha, chamada "Segunda Vermelha" (2/5), dizia "1 milhão de mulheres celebrando sua menstruação". Cerca de uma dúzia delas se reuniram no final daquela tarde em São Paulo, em um centro de cultura hindu na zona oeste da cidade.

O objetivo era valorizar e dar visibilidade à menstruação e incentivar as mulheres a cuidar de sua saúde íntima e reprodutiva. Também havia a proposta de criar um "senso de diversão" em torno do tema e o mantra do "empoderamento" feminino.

"O ativismo menstrual faz parte da terceira onda do feminismo: ecofeministas, espiritualidade feminina", diz Sabrina Alves, 32, coordenadora do evento paulista.

Sabrina criou o coletivo de mulheres Clã Ciclos Sagrados. Ela é terapeuta corporal, mestranda em ciência da religião e "facilitadora" de eco-espiritualidade.

DIREITOS MENSTRUAIS

Algumas militantes defendem a criação de políticas públicas como o direito de faltar ao trabalho por causa de cólicas, a distribuição de produtos como absorventes de pano em postos de saúde e campanhas educativas.

Elas também querem colocar em discussão a segurança de tratamentos hormonais para parar menstruar e o uso de materiais sintéticos em absorventes e tampões.

A expansão do movimento, por sinal, foi nos anos 80, quando surgiram relatos de mortes por síndrome de choque tóxico causada pelo uso de absorventes internos.

As alternativas propostas são absorventes de pano (sim, as "toalhinhas" de nossas avós) e os coletores menstruais --que costumam causar certo frisson em quem ainda não está tão organicamente ligada ao seu fluxo mensal de sangue.

Marlene Bergamo/Folhapress
Absorventes de toalha (de R$ 10 a R$ 16) da Artefatos de Pano (artefatosdepano.blogspot.com)

Feito de material flexível (látex ou silicone), em forma de sino, o coletor é introduzido no canal vaginal. Ao ficar cheio, é retirado, esvaziado, lavado com água e sabão e recolocado. A operação deve ser repetida umas quatro vezes ao dia, mas, segundo os fabricantes, dá para segurar até 12 horas.

HONRA TEU SANGUE

Nem todas as presentes adotam o utensílio, mas aprovam o conceito. "Vivemos na cultura do desperdício, tudo é descartável. Quem aqui não joga sangue no lixo?", perguntou a psicoterapeuta Monika von Koss, que deu uma palestra sobre "o poder criativo da menstruação".

Marlene Bergamo/Folhapress
Coletor menstrual MeLuna (R$ 75), vendido pela Arte-Misia (arte-misia.webnode.com.br)

Mais da metade das presentes levantaram a mão. O ativismo menstrual também prega que as mulheres honrem seu sangue.

Como assim? Depende do grau de comprometimento de cada uma. As mais espiritualizadas falam em rituais para devolver o sangue à "mãe Terra", como, contam elas, faziam os povos ancestrais.

Outras insistem que é preciso prestar mais atenção à menstruação e, em consequência, aumentar o conhecimento sobre o próprio corpo. O que não é má ideia.

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