Cleyton Vilarino
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A situação é sempre a mesma. A criança dorme e, após algumas horas, começa a reclamar de dores. Alguns pais acham que é manha. Afinal, no dia seguinte a dor sempre some misteriosamente. Já outros pais se preocupam e não se conformam com a falta de respostas para os sintomas.
Essa dor, popularmente conhecida como “dor do crescimento”, acomete crianças de 4 a 15 anos e tende a sumir, na maioria das vezes, após os 10 anos de idade. De acordo com o Chefe do Centro de Ortopedia da Criança e do Adolescente do Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia), Pedro Henrique Mendes, as dores são normais e não devem ser motivo de preocupação.
“Na verdade, essas dores não têm nada a ver com crescimento. Esta é uma designação que caiu no senso comum”, explica o ortopedista. A ligação entre a dor e o crescimento foi descartada pela comunidade médica, já que nem todas as crianças desenvolvem o problema. “Há várias teorias sobre a origem dessas dores. A mais aceita hoje em dia é a de que elas sejam resultado de uma fadiga muscular”, afirma Pedro.
A própria possibilidade de uma dor muscular já justifica o período em que as dores mais aparecem: durante a noite. É nessa hora que as crianças que realizam muita atividade física relaxam, sentindo os efeitos do exercício nos músculos.
Apesar de ser algo normal, o ortopedista Pedro Henrique Mendes ressalta que a falta de cuidado é um erro tanto quanto o excesso de preocupação. “Os pais devem procurar um médico para descartar outras possibilidades”. Os sintomas da dor do crescimento coincidem com quadros infecciosos como a osteomelite e a artrite. “São problemas que precisam de um diagnóstico precoce para evitar sequelas futuras”, alerta Pedro.
Uma vez descartado qualquer problema mais grave, o jeito é tratar a dor. Em casos isolados, compressas quentes e o uso de relaxantes musculares ajudam a aliviar o sofrimento. No entanto, apesar de estar ligada às dores musculares, a dor do crescimento não deve ser desculpa para restringir a atividade física da criança. “Criança pode fazer tudo, menos voar porque não tem asas”, brinca o ortopedista.
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