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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Cirurgia bariátrica é alternativa para tratar diabetes tipo 2, dizem médicos

Além do peso, método ajuda a controlar os níveis de glicose no sangue.
Assunto foi abordado em congresso sobre obesidade na capital paulista.


A cirurgia de redução de estômago tem sido um dos procedimentos usados pelos médicos para conter, além da obesidade, a diabetes tipo 2. Segundo o endocrinologista Alfredo Halpern, já há casos de diabéticos com índice de massa corporal (IMC) baixo – na casa dos 20 – que operaram e melhoraram os níveis de glicose no sangue. A resistência à insulina e a secreção desse hormônio pelo organismo também diminuem depois disso.

“Sou a favor da cirurgia bariátrica para o controle da diabetes tipo 2, porque geralmente o paciente também tem obesidade ou muita gordura abdominal. A maioria das pessoas, depois disso, consegue normalizar os níveis de glicose, e, caso a doença volte, vem menos agressiva”, explicou o médico.

Essa opinião é compartilhada pela pesquisadora brasileira radicada na Itália Elza Muscelli, do Departamento de Clínica Médica da Universidade de Pisa, que defende que a restrição calórica e o consequente emagrecimento provocados pela cirurgia bariátrica ou pelo uso de um balão intragástrico podem “curar” a diabetes. Mesmo que isso seja temporário.

“Ainda que o resultado não seja permanente, e a pessoa volte a ser diabética em cinco anos, são cinco anos que ela ficará livre da doença. E esse não é só um problema clínico, mas também cirúrgico”, disse Elza na última sexta-feira (27) durante simpósio do 14º Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica, em São Paulo.

A médica destacou que os efeitos dependem do tipo de cirurgia, e citou estudos italianos que revelam que, após uma derivação biliopancreática (também chamada de método de Scopinaro, que reduz o volume do estômago e liga o pedaço restante ao final do intestino delgado), por exemplo, a sensibilidade à insulina melhora logo nos primeiros dias. E o controle chega a ser o dobro do atingido pelo balão intragástrico. “Mas a normalização nunca é de 100%”, afirmou.

Além de conter a diabetes, a cirurgia bariátrica tem benefícios sobre a mortalidade geral, o risco de doenças cardíacas e câncer. Por outro lado, trabalhos apontam que a operação pode elevar os índices de acidentes e suicídios em mais de 50%.

Outras formas de controle
Vários estudos populacionais feitos na Finlândia, nos EUA, na China, no Japão e na Índia revelam que a mudança no estilo de vida, principalmente em relação à alimentação e à prática de atividades físicas, pode reduzir o risco de diabetes em quase 60%.

E a incidência da doença diminuiu em todos os grupos étnicos analisados: caucasianos, hispânicos, afro-americanos e orientais. Além disso, houve melhora nos níveis de glicose, triglicérides, colesterol, pressão arterial e circunferência da cintura.

“Junto com a obesidade, a diabetes deve reduzir a longevidade da população nos próximos anos. Temos que deixar a estratégia de tratar os doentes para focar na prevenção. Mas, infelizmente, passado o período de intervenção dessas pesquisas, os resultados tendem a desaparecer lenta e progressivamente”, destacou o endocrinologista Ney Cavalcanti, durante o congresso.

Na opinião de outro convidado, o endocrinologista Antonio Carlos Lerário, do Hospital das Clínicas, o ideal é mesmo intervir precocemente, antes de a diabetes aparecer. “Essa é uma doença progressiva que começa a manifestar alterações (como no pâncreas) muito antes de ser detectada. E a melhor forma de evitá-la é controlar o peso”, disse. O médico explicou também que a maioria dos remédios contra a doença perdem o efeito, em média, após três anos. Por essa razão, as entidades científicas ainda não têm um posicionamento oficial sobre a questão.

Segundo a Federação Internacional de Diabetes, 285 milhões de pessoas no mundo têm a doença (uma prevalência de 6,4% entre adultos de 20 a 79 anos), e deve atingir 438 milhões dentro de duas décadas. A cada ano, 7 milhões desenvolvem o problema, que na maioria das vezes pode ser evitado. E 70% desse aumento tem ocorrido em países em desenvolvimento, entre indivíduos com menos de 65 anos.

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