Um novo método para diagnosticar indícios do mal de Alzheimer no fluido espinhal pode ajudar a identificar com maior precisão casos em que uma leve perda da memória pode evoluir para a demência total, segundo um estudo divulgado na quarta-feira (22) pela revista Neurology.
Para Robert Perneczky, da Universidade Técnica de Munique (Alemanha), que comandou o estudo, "a possibilidade de identificar quem vai desenvolver o mal de Alzheimer bem no começo do processo será crucial no futuro".
- Quando tivermos tratamentos que possam prevenir o mal de Alzheimer, poderemos começar a tratá-lo muito precocemente, e possivelmente prevenir a perda de memória e de capacidade de pensamento que ocorre com essa devastadora doença.
Os atuais exames do Alzheimer no fluido espinhal avaliam desequilíbrios em duas proteínas: a beta-amiloide, que forma placas pegajosas no cérebro, e a tau, que é considerada um marcador de danos nas células cerebrais.
Vítimas do Alzheimer tendem a ter níveis reduzidos da beta-amiloide e níveis elevados da proteína tau no fluido espinhal, e médicos costumam examinar isso para confirmar se casos de demência são causados pelo Alzheimer.
No estudo, Perneczky e seus colegas procuraram vestígios de um componente importante da beta-proteína amiloide, chamado proteína precursora amiloide (APP, na sigla em inglês).
"Se você está cortando um biscoito, (a APP) é a massa em torno do biscoito que fica para trás", disse Marc Gordon, pesquisador do Alzheimer no Instituto Feinstein de Pesquisas Médicas, em Manhasset, Nova York.
- É isso que eles estão mensurando aqui.
Os pesquisadores coletaram o fluido espinhal de 58 pessoas com ligeiros problemas de memória, condição que muitas vezes evolui para o Alzheimer.
Após três anos, 21 pacientes haviam desenvolvido a doença, 27 mantinham a dificuldade cognitiva leve, oito haviam regredido à capacidade cognitiva normal e dois haviam desenvolvido uma doença chamada demência frontotemporal, o que as excluiu do estudo.
A pesquisa mostrou que pessoas que evoluíam para o Alzheimer tinham no fluido espinhal, em comparação aos pacientes que não desenvolveram a doença, níveis significativamente maiores desse vestígio da APP, chamado precursor da beta-proteína amiloide.
Em combinação com outros biomarcadores, como a presença da tau e a idade do paciente, o exame tinha uma precisão em torno de 80% ao prever quem iria desenvolver a doença.
Os cientistas descobriram também que a forma da beta-amiloide geralmente usada nos exames não é tão eficaz para prever quais pacientes com deficiências leves irão evoluir para a demência.
O mal de Alzheimer é fatal e não tem cura, mas laboratórios vêm tentando desenvolver formas de evitar sua progressão, e por isso no futuro os novos exames poderão ser necessários, segundo Gordon.
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