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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Desigualdade economica afeta realização de mamomagrafia

Artigo aponta que a renda familiar per capita é um importante indicador de iniquidade na realização do exame

“A renda familiar per capita é um dos importantes indicadores de iniquidade na realização de mamografia”, afirmou a pesquisadora Dora Chor, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), primeira autora do artigo Desigualdade socioeconômica afeta a chance de realizar mamografia no Brasil.

Publicado no site da Conferência Mundial sobre Determinantes da Saúde, o texto apresenta dados baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2008), envolvendo cerca de 11 milhões de mulheres de 40 anos ou mais.

Segundo Dora, o objetivo desse artigo foi verificar se os indicadores socioeconômicos conseguiriam explicar as diferentes prevalências de mamografia em cada uma das regiões metropolitanas estudadas no país..

De acordo com Dora, nas regiões analisadas, diferentes dados foram encontrados no que se refere à relação entre a proporção de mulheres que realizaram mamografia e escolaridade, e entre mulheres que se autoclassificaram como pardas, pretas ou indígenas – que aparecem em desvantagem em relação às brancas e amarelas.

Esse artigo foi escrito em parceria com as também pesquisadoras Marilia Sá Carvalho, do Programa de Computação Científica da Fiocruz e integrante do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos da Ensp; Evangelina Xavier Gouveia, do Grupo de Redes e Informação em Saúde da Fiocruz; Enirtes Caetano Prates Melo, do Grupo de Redes e Informação em Saúde da Fiocruz e da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro; e Rejane Sobrino Pinheiro, do Programa de Pós-Graduação de Epidemiologia em Saúde Pública da Ensp e membro do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ.

O artigo aponta que a renda familiar per capita é um importante indicador de iniquidade na realização de mamografia. “No conjunto das regiões metropolitanas há nítido gradiente de aumento da prevalência de mamografia de acordo com o aumento da renda. Por exemplo, apenas 62% das mulheres cuja renda era de cerca de R$100 realizaram o exame. Já entre as mulheres com renda entre R$400 e R$800 essa proporção foi de 79,5%. Entre aquelas de maior renda, foi de 94%”.

As autoras apontam ainda que, em todas as regiões metropolitanas estudadas, a relação direta entre renda e prevalência de mamografia se repete. Ao compará-las, porém, aparecem enormes diferenças. “Em São Paulo, por exemplo, 76% e 96% das mulheres na menor e na maior faixa de renda, respectivamente, realizaram o exame. Já em Fortaleza, essa discrepância foi de 39% e 91%, respectivamente. Portanto, ter menor renda per capita dificulta a realização de mamografia muito mais em Fortaleza, Belém e Recife do que em São Paulo, Curitiba e Salvador”.

Já sobre as anos de estudo e a proporção de mulheres que realizaram mamografia, foi encontrado o mesmo tipo de relação. “À medida que aumenta a escolaridade, aumenta também a prevalência de mamografia.

No conjunto das regiões metropolitanas estudadas, 65% das mulheres com menos de 1 ano de estudo fizeram mamografia, enquanto essa proporção foi de 94% entre aquelas com 15 anos de estudo ou mais. No que se refere a mulheres que se autoclassificaram como pardas, pretas ou indígenas, elas estão em desvantagem em relação às brancas e amarelas. Em Fortaleza, por exemplo, as proporções do exame foram 49% entre as pretas, 58% entre as pardas, 50% entre as indígenas e 71% entre as brancas. Em São Paulo, foram 81% entre as pretas, 84% entre as pardas, 91% entre as amarelas e 88% entre as brancas”.

“Marcas das desigualdades sociais e regionais persistem na realização da mamografia no Brasil. A prevalência do rastreamento é maior para mulheres de maior renda, de maior escolaridade, brancas, ou que moram em áreas de melhor padrão socioeconômico, em consonância com a literatura.

Esses aspectos refletem mais do que apenas características individuais ou de distribuição heterogênea da população e dos serviços de saúde no território. Indicam desigualdades entre atributos do lugar e o uso e a qualidade dos serviços de saúde, passíveis de serem modificados por políticas sociais, incluindo-se as de saúde”.

Dora complementou dizendo que os resultados encontrados no estudo confirmam a existência de “vários Brasis”, nos quais análises segundo renda, escolaridade ou cor/raça não revelam o mesmo quadro. “A compreensão detalhada dos determinantes sociais da prevalência de importantes procedimentos, como a mamografia, contribuirá para o sucesso das políticas de saúde”, disse ela.

Fonte SaudeWeb

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