Segundo denúncia do MP, os acusados usavam diagnósticos falsos de morte encefálica para extrair os órgãos dos pacientes
Começa nesta segunda-feira, 17, o julgamento de três médicos de Taubaté, no Vale do Paraíba, acusados de terem provocado a morte de quatro pacientes durante cirurgias para transplantes de rim, entre setembro e dezembro de 1986.
Também foram denunciados pelos mesmos crimes os médicos Antônio Aurélio de Carvalho Monteiro, que faleceu no ano passado, e José Carlos Natrielli de Almeida, que acabou impronunciado a pedido do Ministério Público.
Os médicos Pedro Henrique Masjuan Torrecillas, Rui Noronha Sacramento e Mariano Fiore Júnior irão a júri popular em Taubaté, acusados de quatro homicídios dolosos contra os pacientes Miguel da Silva, Alex de Lima, Irani Gobo e José Faria Carneiro, que morreram entre setembro e dezembro de 1986.
Segundo denúncia do Ministério Público, os médicos usavam diagnósticos falsos de morte encefálica para extrair os rins dos pacientes, para fins de transplante. Depois da operação, o neurocirurgião e legista Mariano Fiori concluía como causa mortis exclusivamente as lesões cerebrais experimentadas pelas vítimas (traumatismo craniano, raquimedular ou aneurisma), ocultando a causa direta e eficiente das mortes: a retirada dos rins dos pacientes.
Os prontuários médicos e os laudos das angiografias cerebrais relativos a esses pacientes foram apreendidos e submetidos à análise de peritos, que concluíram que as vítimas não tinham diagnóstico seguro de morte encefálica apta a amparar a realização das cirurgias nefrectomias bilateriais (retirada dos rins).
O plenário do júri popular será realizado pelo promotor de Justiça Márcio Augusto Friggi de Carvalho, integrante do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Fonte Estadão
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