De acordo com a ANAHP, há uma taxa de 78% de ocupação de seus hospitais associados. Articulista chama atenção para este fato
Na opinião de Joseph V. Quigley, autor de “Visão – Como os líderes a desenvolvem, compartilham e mantêm”, o planejamento estratégico é um processo fundamental de liderança. Dessa forma, a decisão de implantá-lo ou não é corporativa e a responsabilidade, em última análise, cabe ao Conselho de Administração ou, em sua ausência- o que é realidade na maioria dos hospitais- ao diretor-geral, superintendente, administrador; enfim, não importa o apelido. Mas adotar ou não a implantação do planejamento estratégico faz toda a diferença.
E o que isso tem a ver com a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e com os Jogos Olímpicos em 2016? Tudo, como veremos a seguir.
Tenho percebido, nas minhas andanças pelo País, um uso cada vez mais intenso do planejamento nos hospitais. A maioria deles, preocupada principalmente com a sustentabilidade da instituição. Outros, ancorando projetos arrojados de investimentos no próprio planejamento estratégico, para sustentar seu desenvolvimento e crescimento. E, ainda, outros tentando promover a integração dos médicos no processo de gestão e a criação de uma cultura empresarial e de negócio não só nos médicos, mas em toda a equipe multiprofissional.
Qualquer um dos três motivos acima apresentados é um alento, na medida em que demonstra a disposição de parcela de hospitais brasileiros dispostos a encarar empresarialmente a gestão de suas instituições. Porém, apesar dessas transformações e das mudanças culturais que as favoreceram, há, ainda, um vasto caminho a ser percorrido. Até que seja a regra, e não a exceção, a busca da instituição de saúde pela qualidade dos serviços sustentada na segurança do paciente e na resolutividade do atendimento.
Após a exposição deste cenário animador, contudo, algo me preocupa sobremaneira: a rede hospitalar brasileira estará preparada a tempo para oferecer infraestrutura completa e segura aos dois megaeventos que serão realizados no Brasil em 2014 e 2016? Não. Com exceção de pequenas “ilhas” que destoem do padrão de maneira positiva, o País não estará à altura, a não ser que aconteçam investimentos maciços na área.
Dois pontos são cruciais e precisam um ataque imediato: recursos humanos (capacitação, treinamento, atendimento, organização, disciplina) e acessibilidade.
Duas abordagens merecem ser referidas em recursos humanos – quantidade e qualidade. Em primeiro lugar, temos falta de pessoas formadas na área; além disso, muitos dos habilitados, atualmente, mal formados ou procedentes de instituições de ensino de qualidade duvidosa. Dentro da qualidade técnica, os seja, a habilidade e competência, há outro ingrediente que é a forma de fazê-lo.
Certamente este é um assunto que mereceria uma abordagem específica. Como resolver esta equação nos próximos dois anos e meio? Eis a questão!
No tocante à acessibilidade, a situação é idêntica. O Brasil enfrenta sérios problemas, pois para muitas pessoas que não têm acesso a serviços particulares ou credenciados por operadoras de saúde, além de não conseguir atendimento, quando o consegue, não tem leitos ou salas cirúrgicas para dar continuidade. São condições impróprias, inseguras. Falta de leitos. Hospitais lotados. É só acompanhar os noticiários semanais na imprensa em geral para se ter idéia do quadro caótico em que se encontra o atendimento à saúde. Pacientes em macas pelos corredores, esperando o atendimento e a internação.
A Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP) registra, em seu Observatório da ANAHP 2011, uma taxa média de ocupação de seus hospitais associados de 78%. Este número nos projeta uma dimensão exata da situação brasileira atual.
Temos dois anos e meio para tomarmos decisões que possam mudar a situação e oferecer aos visitantes e ao povo de nosso país soluções e segurança para seus problemas de saúde. O planejamento é o início desse processo!
Fonte SaudeWeb
Nenhum comentário:
Postar um comentário