É possível reduzir a transmissão com foco em áreas específicas. Bactéria se propaga mais facilmente em locais pequenos e pouco arejados.
Um modelo matemático elaborado no Rio de Janeiro pode significar um avanço importante no combate à tuberculose não apenas na cidade, mas em todo o mundo. O estudo, feito em parceria pela Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro e a Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, foi publicado na edição desta semana da “PNAS”, a revista da Academia Americana de Ciências.
A ideia dos pesquisadores era conferir se a tuberculose tem grupos com maior risco de transmissão da doença, como ocorre com outras doenças transmissíveis. “Isso não se aplicava muito bem à tuberculose, mas parece que pode ajudar sim”, afirmou Valéria Saraceni, médica e pesquisadora da Secretaria Municipal e coautora do estudo.
Com base em estatísticas obtidas pela secretaria, foram localizadas três “áreas quentes”, locais com maior incidência da tuberculose. A Rocinha, a região de Manguinhos e o Centro concentram apenas 6% da população do Rio de Janeiro, mas são responsáveis por até 35% dos contágios de tuberculose, segundo o cálculo feito na pesquisa.
A tuberculose é uma doença que ataca principalmente os pulmões, e pode levar à morte. Pessoas com a defesa do corpo debilitada, como os portadores de HIV, sofrem maior ameaça.
O bacilo de Koch, como é chamada a bactéria da tuberculose, é transmitida de pessoa para pessoa por meio de gotículas de saliva, que podem sair na tosse ou na fala. Por isso, se alastra mais facilmente em lugares em que muitas pessoas vivem juntas, principalmente se forem locais pequenos e pouco arejados. Por essas características, a doença tende a se espalhar em áreas como favelas.
Segundo os pesquisadores, dar mais atenção à doença nesses locais em que a transmissão é mais comum reduziria o número de casos. “Se você trata a pessoa com tuberculose, evita que aquela pessoa passe o bacilo adiante”, afirmou Saraceni.
Além disso, o acompanhamento médico é especialmente importante para que a doença não retorne. O remédio precisa ser tomado durante seis meses, mesmo que os sintomas já tenham desaparecido.
Para Saraceni, combater a tuberculose somente nas “áreas quentes” não levaria à erradicação da doença, mas pode ser útil, principalmente nos lugares mais pobres, como na África Sub-saariana. “É uma estratégia para quem tem poucos recursos conseguir concentrar melhor”, explicou a pesquisadora.
Fonte G1
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