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domingo, 6 de maio de 2012

Você sabe o que é “FOMO”, o medo de estar perdendo algo?

O mundo das crianças gira ao redor delas. Não existe nada que não esteja ao alcance dos olhos e quando elas dormem, o mundo dorme junto. Mas aí os indivíduos crescem e descobrem que não é isso que acontece. As horas passam para todo mundo, e enquanto você lê este texto as pessoas ao seu redor fazem outras coisas muito mais significativas para elas. Você fez a escolha certa ou está perdendo seu tempo?

Esse sentimento de questionamento sobre as próprias escolhas, e a ansiedade gerada por saber que outras pessoas estão fazendo coisas diferentes das que você escolheu, sempre existiu. Mas se antes esse “relógio” imaginário não tinha ponteiros, agora as mídias sociais e as tecnologias de comunicação (como celulares, computadores e as mensagens de texto tilintando nos mais variados gadgets) mostram, em tempo real, que horas são. E a ansiedade aumenta.

O nome para esse sentimento é “Fomo”, a sigla em inglês para fear of missing out, ou “medo de estar perdendo algo”. Apesar de não ser considerado um transtorno mental, o sentimento de fomo pode desencadear diversos problemas. Além de aumentar o risco de episódios de ansiedade – e, consequentemente, de depressão –, o Fomo pode levar à sensação de exclusão social, maior susceptibilidade à pressão social e consequente comportamento de risco e mesmo ter relação com o risco de vício em internet.

“O ser humano é um ser sociável. O medo de perder uma oportunidade, de não estar contextualizado com um círculo social, de não ser amado pelos amigos e ser excluído ou de ter feito escolhas erradas é algo natural. Mas a tecnologia aumentou a velocidade com que as informações chegam às pessoas e as mídias sociais expuseram os hábitos e preferências dos indivíduos a todo mundo”, explica Lilian Lerner Castro, psicóloga do Ambulatório de Ansiedade da Infância e Adolescência do Instituto de Psiquiatria (IPq), do Hospital das Clínicas – FMUSP.

Redes sociais são o principal causador do fomo
Para Lerner, o quadro de Fomo é mais observado em pacientes adolescentes e jovens adultos – idade do início da socialização – e para os quais os smartphones, tablets e computadores portáteis estão sempre presentes na vida cotidiana. Para esse público, estar atento a atualizações das informações, especialmente nas redes sociais, é algo importante.

Além disso, ver possíveis desejos serem realizados pelos outros – uma mudança de casa, cidade ou mesmo de vida, como casar ou ter um filho – também traz alguma angústia e questionamentos, pois a comparação com as próprias escolhas ou momentos de vida é inevitável.

“O que pode acontecer é que nas redes sociais os indivíduos começam a comparar sua vida com a de outras pessoas. É quase uma competição para ver quem fez mais coisas, postou mais fotos, tem mais amigos ou maior aceitação dos comentários”, aponta.

E o sentimento de exclusão também se torna mais aparente. Em pouco tempo se descobre quando uma pessoa foi ou não convidada para um evento social, por exemplo.

Isso porque, nas redes sociais, diversos círculos de amizade convivem em um mesmo grau hierárquico. Adicionam-se ao perfil no Facebook ou Orkut, por exemplo, tanto pessoas que podem ser amigas de longa data quanto aquelas cuja convivência é mais recente ou superficial. E todas têm, praticamente, acesso ao mesmo nível de informação pessoal sobre um determinado indivíduo.

Ser deixado de lado pode fomentar questionamentos internos profundos. Lidar com a rejeição é algo que nem todos conseguem fazer sozinhos. Esses sentimentos negativos também são parte do Fomo.

“A vida social pode acabar se tornando uma equação matemática. Os números se tornam mais importantes do que a qualidade dos sentimentos envolvidos com as escolhas feitas. A parte perceptiva sobre esses eventos é deixada de lado. Ir a um determinado encontro ou lugar acaba virando obrigação. O prazer pessoal pode acabar ficando em segundo plano. E mesmo de mau humor ou cansado, um indivíduo não ir a um determinado evento pode gerar sentimentos de Fomo, ou seja, no final, não há ganho de nenhuma forma”, diz Lerner.

O indivíduo e a coletividade
Por isso, diz a especialista, a melhor forma de lidar com o Fomo é aprender a questionar o que é oferecido como opção na convivência social. “Parar para pensar se as opções postas pelo seu círculo social virtual é o que realmente se quer fazer, se há prazer real em se fazer aquilo, se aquela escolha é algo que você realmente quer ou se é possível ser feliz sem nada do que foi exposto ali nas mídias sociais são as principais questões a se pensar inicialmente”.

Além disso, saber quando é hora de deixar os aparatos tecnológicos de lado e curtir o momento que se está vivendo. “Não conseguir deixar de lado um smartphone ou de olhar as atualizações nas mídias sociais pode ser indicativo de outro problema se desenvolvendo em paralelo, a adição ou vício em internet”, explica Lerner.

“Talvez seja preciso pensar em ter um tempo para si longe de tudo isso. O sentimento de Fomo é algo ligado às mídias sociais, então, talvez procurar ‘mídias individuais’ seja a solução”, brinca Lilian Lerner Castro. “Ter hobbies e atividades que façam sentido e tragam prazer apenas para si próprio, um momento individual que não precise ser compartilhado com mais ninguém, provavelmente é um bom contraponto que suavize o sentimento de Fomo”.

Fonte O que eu tenho

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