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sábado, 1 de setembro de 2012

Gestantes têm risco duplo com automedicação

Pesquisa mostra que 60% delas não recebem orientações sobre efeitos colaterais dos remédios que tomam na gravidez

O risco da automedicação e da ingestão de comprimidos sem avaliação médica vem em dose dupla para as grávidas: tanto a mulher quanto o feto podem ser vítimas dos efeitos colaterais das medicações, que vão desde uma simples alergia até má formação fetal.

Apesar das sequelas possíveis, uma pesquisa acaba de identificar que 60% das futuras mães não são orientadas por médicos e farmacêuticos sobre os possíveis riscos dos remédios tomados durante a gravidez. E o pior: três em cada 10 recorrem a comprimidos e xaropes sem o respaldo de um profissional da medicina e sem ter a mínima noção dos problemas podem surgir com o uso de um remédio para cólica, por exemplo.

O estudo que atesta o perigo duplicado da falta de orientação clínica sobre as medicações às grávidas foi feito com 699 mulheres, com mais de 30 semanas de gestação, estudadas por pesquisadores da Faculdade de Ciência Farmacêuticas de Ribeirão Preto, ligada à Universidade de São Paulo (USP).

“Nas mulheres pesquisadas, encontramos a ingestão de 3.200 medicamentos diferentes”, diz a farmacêutica e autora do estudo Andrea Fontoura. “Independentemente se a medicação foi prescrita ou não, a falta de orientação sobre os possíveis riscos dos remédios foi marcante, o que reforça a importância de conscientização dos médicos, dos farmacêuticos e também das próprias mulheres”, afirma.

As normas internacionais – utilizadas no Brasil – dividem os medicamentos em cinco classes. As drogas que fazem parte da categoria A e B não acarretam danos à saúde de gestantes e seus fetos. Na classe C, os riscos ainda não foram mensurados e não há pesquisas clínicas que comprovem a segurança. Já na D e X os perigos em gestantes já foram atestados cientificamente e são contraindicados.

Cláudia Marques Maximino, 47 anos, carrega no corpo as marcas do efeito colateral de uma medicação contraindicada para gestantes. Enquanto era gerada, a mãe tomou talidomida. Na época o medicamento era muito usado para tratar enjôos, um uso que só foi proibido depois de atestado o dano da má formação fetal. Hoje, a droga ainda é vendida, mas encontra-se na categoria X.

Segundo a pesquisadora Andrea Fontoura, 14% dos medicamentos utilizados pelas grávidas estudadas faziam parte da classe C, o que indica que uma parcela delas teve contato com terapêuticos sem a segurança estimada.

“Uma delas tomava medicamento da categoria X, no caso um anticoncepcional”, afirma a farmacêutica, lembrando que se trata de um hábito comum entre mulheres que descobrem a gestação tardiamente. “Trata-se de uma das falhas da política de pré-natal, que não consegue captar a mulher no início da gestação”.

Segundo os dados oficiais brasileiros, 30% das mulheres não passam por nenhuma consulta no ginecologista durante os nove meses de gestação. Outra estatística que compõe o cenário é do Sistema de Informações Toxicológicas e Farmacêuticas (Sinitox), ligado à Fundação Oswaldo Cruz: são os remédios os líderes de envenenamento entre os brasileiros, responsáveis por 40% do total de intoxicações. A automedicação e os acidentes de consumo são responsáveis pela liderança dos terapêuticos no ranking. No último levantamento, foram 34.068 vítimas de intoxicações por medicamentos.

Riscos e benefícios
O presidente da Comissão de Urgência e Emergência da Federação Nacional das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, Eduardo Cordioli, pondera que a utilização de medicamentos durante a gravidez às vezes é necessária e por isso não pode ser encarada sempre como maléfica.
 
O segredo entre o mau e o bom uso está no diálogo franco e esclarecedor com o médico. “É preciso que a mãe saiba que o bebê não é de cristal e que é possível usar alguns medicamentos, sempre após consultar um médico e pedir informações sobre a droga”, afirma Cordioli. “Depois da 12º semana de gestação, o bebê já está formado e os riscos de má formação por uso de medicamento são diminuídos. Só não pode utilizar a vizinha na hora de escolher o remédio”. A referência do especialista é ao hábito, já bem inserido na cultura brasileira, de perguntar à mãe, ao vizinho e ao colega quais remédios eles tomaram para algum mal e depois usar a mesma droga para sanar um problema de sintoma parecido. A receita usada para as grávidas com relação às medicações é a mesma para qualquer pessoa. “Vale quando os benefícios superam os riscos dos possíveis efeitos colaterais”, orienta.

Fonte iG

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