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O abuso do álcool e das drogas durante a juventude pode aumentar as chances
de derrames cerebrais (ou acidentes vasculares cerebrais - AVCs) antes mesmo da
meia idade, aponta um estudo conduzido com mil pacientes pela Universidade de
Cincinnati, dos Estados Unidos e publicado no jornal especializado
Stroke.
Derrames geralmente ocorrem em pessoas idosas, mas o pesquisadores afirmaram
que mudanças a longo-prazo causadas no coração, nas artérias e no sangue
resultantes do abuso do álcool e das drogas podem colocar o indivíduo em risco
ainda durante a juventude.
"O abuso dessas substâncias é comum entre jovens que sofrem derrames",
escreveu Brett Kissela, um dos autores do estudo. "Pacientes com menos de 55 que
sofreram derrames devem passar por exames e receber acompanhamento e
aconselhamento sobre o uso de drogas e álcool frequentemente."
Também é possível que algumas drogas, como a cocaína e meta-anfetaminas, ajam
mais rápido no sentido de causar um AVC, segundo Andrew Josephson, neurologista
da Universidade da Califórnia, que estuda a relação entre o uso das drogas e os
derrames, mas não esteve envolvido no estudo.
"Sabemos que mesmo com fatores de risco, como o cigarro e pressão alta,
muitas pessoas não sofrem derrames até que sejam mais velhas. Quando uma pessoa
jovem sofre um AVC, é provável que a causa seja algo diferente dos fatores de
risco tradicionais", afirmou.
Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos,
cerca de 800 mil pessoas sofrem derrames no país todos os anos. Os AVCs também
são a maior causa de invalidez. Um estudo de 2007 mostrou que quase 5% das
pessoas que tiveram esse tipo de problema tinham entre 18 e 44 anos.
O estudo de Cincinatti avaliou pessoas que sofreram derrames antes dos 55
anos. Os pesquisadores analisaram exames de sangue e urina de cerca de 1,2 mil
pacientes para avaliar se havia substâncias presentes em drogas.
Em 2005, o ano mais recente avaliado na pesquisa, apenas metade dos pacientes
fumava e apenas um em cinco usava drogas ilícitas, incluindo maconha e cocaína.
Cerca de 13% haviam usado drogas nas 24 horas precedentes ao derrame.
"A taxa de abuso dessas substâncias, particularmente o de drogas, é
subestimada, porque nem todos os pacientes fizeram exames toxicológicos", disse
Steven Kittner, professor de neurologia da Universidade de Maryland.
Kissela e sua equipe, porém, não sabem definir se as diferenças notadas se
devem ao uso de fato dessas substâncias ou se os médicos desenvolveram técnicas
mais eficazes de detectar o abuso de álcool e drogas. O estudo também não
consegue provas que esses hábitos estejam ligados aos AVCs.
O pesquisador, porém, disse que a pesquisa enfatiza as necessidades de que
sejam conhecidos os sintomas dos derrames, mesmo em pessoas jovens, já que
alguns tratamentos só podem ser conduzidos em uma pequeno período após o
AVC.
Fonte Estadão
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