Rio de Janeiro- Começa em 2013 a troca de tecnologia entre o laboratório
norte-americano Bristol-Myers Squibb e o Ministério da Saúde para produzir o
antirretroviral Atazanavir. O medicamento é utilizado na fase intermediária do
tratamento do HIV/aids por 45 mil pessoas, cerca de 20% dos pacientes com a
doença atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O acordo prevê a capacitação profissional, compra de equipamento, fabricação
e distribuição, mas não incluiu o insumo ativo. O componente será transferido
para um laboratório privado brasileiro, de onde será comprado pelo governo,
representando uma economia de R$ 385 milhões em cinco anos. Hoje, o gasto anual
com o remédio importado é de cerca de R$ 86,46 milhões.
A previsão é que a produção nacional comece em 2015 e se complete em 2017,
quando termina a patente do Atazanavir. Até o fim deste prazo, o Brasil continua
comprando da Bristol.
Para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, mesmo tendo que pagar pela
transferência de conhecimento, embutida no preço dos comprimidos até 2017, a
troca de tecnologia é mais vantajosa que a quebra da patente. Segundo ele, o
país ganha autonomia em relação à política de preços do laboratório e à variação
cambial, incentivando o desenvolvimento produtivo local.
“Isso permite com que o setor internacional continue investindo no Brasil e
traga para nossos laboratório públicos o que tem de mais moderno”, afirmou
Padilha, no evento, ontem (30), que marca a parceria às vésperas do Dia Mundial
de Luta contra a Aids, hoje (1º). “Usaremos todas estratégias para oferecer o
que tem de mais moderno e mais barato”.
Outra vantagem competitiva para o Brasil é adiantar a produção nacional do
Atazanavir antes do fim da patente do Bristol-Myers, disse o presidente do
Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), Hayne Felipe da Silva.
“O Brasil antecipa o conhecimento, a tecnologia e fica com o domínio, além de
reduzir os custos. Se não tivesse a parceria, a Bristol podia fazer o preço que
quisesse porque é dona da patente. Só depois o Brasil poderia lançar mão de
outros fornecedores”, disse Hayne.
Para a empresa, a parceria pode se refletir em oportunidades de negócios com
o Ministério da Saúde no futuro. “Com a economia gerada ficam recursos possíveis
de serem utilizados quando novos remédios chegarem ao mercado. Não é um ganho de
curto prazo, é de longo prazo, pensando em absorver a inovação que vai chegar”,
disse o presidente da Bristol, Gaetano Crupi.
O próximo passo no âmbito da produção de remédios para HIV/aids, de acordo
com o presidente da Farmanguinhos. será a produção de remédios três em um.
Segundo antecipou, a meta é produzir coquetéis com os antiretrovirais:
Efavirenz, Lamivudina e Tenofovir.
Atualmente, 20 remédios para doença são fornecidos para o tratamento do
HIV/aids no país.
Fonte Agência Brasil
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