Brasília - O Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) vai
selecionar vídeos produzidos por crianças, adolescentes e jovens de até 25 anos
sobre o tema deficiência. O vencedor do concurso Tem a ver com habilidade! será
usado no lançamento, em maio, do relatório Situação Mundial da Infância 2013:
crianças com deficiência. Pela primeira vez, o documento, apresentado
anualmente, abordará esse assunto.
De acordo com o escritório do Unicef no Brasil, os interessados
devem enviar os filmes até o dia 15 deste mês para a sede do Fundo, em Nova
Iorque. Os filmes podem ser de qualquer gênero – drama, comédia, documentário,
ter duração de um minuto, tratar de experiências pessoais, dos direitos das
pessoas com deficiência, além dos desafios que enfrentam.
Não há obrigatoriedade de idioma, mas, caso os filmes não sejam
em inglês, devem estar acompanhados da transcrição do texto ou ser legendados. A
análise caberá a um painel global, formado por comunicadores e jovens. O
responsável pela obra vencedora será premiado com uma filmadora. O regulamento
do concurso pode ser conferido no site do Unicef.
Iniciativas como essa, destinadas a valorizar as habilidades e
potencialidades das pessoas com deficiência em vez de evidenciar suas
limitações, são fundamentais para a consolidação da inclusão, no entendimento da
professora Maria Izabel Tafuri, do Departamento de Psicologia Clínica da
Universidade de Brasília (UnB). Ela enfatizou que crianças, com ou sem
deficiência, devem ter assegurado o direito ao pleno desenvolvimento físico e
emocional.
“Muitas vezes, essas crianças são olhadas com pena e não pode
ser assim. Devem ser identificadas as características que permitem que elas se
desenvolvam na sociedade por suas habilidades, que são individuais”, disse.
“Geralmente a inclusão é entendida como o processo de colocar
para dentro quem é considerado diferente, mas não é só isso. Trata-se de um
esforço de combate ao preconceito que vivenciamos ao longo da vida, porque a
maioria dos adultos de hoje não teve oportunidade e não aprendeu a conviver com
pessoas com deficiência quando crianças e não estão prontos para a diversidade”,
acrescentou.
A professora da UnB também enfatizou que a família tem papel
fundamental nesse processo, porque é ela que “vai ter que estar preparada” para
enfrentar e dar suporte a essas crianças, quando se depararem com situações
capazes de prejudicar o pleno desenvolvimento do seu potencial.
A presidenta do Centro de Apoio a Mães de Portadores de
Eficiência (Campe), que atua há 10 anos no apoio a famílias cearenses cujos
filhos tenham algum tipo de deficiência, Keila Chavez, ressaltou que todas as
crianças, qualquer que seja sua condição, têm aptidões, sonhos e anseios.
Segundo ela, as famílias devem se esforçar para identificá-los e estimular seu
desenvolvimento.
Como exemplo, ela citou o caso de seu filho, David Chaves, 16
anos. Com uma síndrome ainda não identificada pelos médicos, ele tem
comprometimento intelectual e motor. Mesmo sem falar ou escrever, não deixa
dúvidas sobre um sonho pessoal: envolver-se na atividade circense.
“Ele é muito divertido e, principalmente quando chega visita
aqui em casa, gosta de se exibir, com malabarismos e equilibrando-se nos móveis
e na rede. Na cadeira de balanço, por exemplo, ele fica bastante tempo testando
em que ponto, com o peso do corpo, ela para de se mover”, disse.
Dados do Censo 2010 mostram que o Brasil tem mais de 45 milhões
de pessoas com algum tipo de deficiência: quase um quarto da população.
Fonte Agência Brasil
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