Foto: Fernando Gomes / Agencia RBS Em tratamento com cardiologista e nutricionista, Daisy adotou alimentação mais colorida |
Se o único colorido do seu prato é o da louça, prepare-se para rever preferências culinárias e incluir novos ingredientes no cardápio. Além de estudos que indicam a importância dos nutrientes presentes nos alimentos vegetais — como fibras, vitaminas e minerais —, uma descoberta vem despertando cada vez mais o interesse dos pesquisadores e daqueles que buscam na alimentação uma forma de manter a saúde em dia. Estamos falando dos fitoquímicos, componentes naturais encontrados em frutas, legumes e cereais que comemos, ou deveríamos comer, todos os dias.
Esses compostos, além de serem os responsáveis por dar cor aos alimentos, podem nos proteger ou ajudar a tratar de doenças fatais como câncer, problemas cardíacos, diabetes, hipertensão, entre outras.
Uma dieta balanceada e saudável sempre foi defendida por médicos e nutricionistas como elemento fundamental para a manutenção do bem-estar físico e mental. A constatação, na verdade, é mais antiga do que pensamos. Há mais de 2,5 mil anos, o filósofo grego e "pai da medicina", Hipócrates, já dizia: "Que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio". Para o pensador, as doenças estavam relacionadas ao meio em que vivemos, à raça e ao que comemos. Com as mudanças econômicas, o processo de industrialização dos alimentos e o aumento no consumo de fast foods, salgadinhos e refrigerantes, isso tem sido relegado ao esquecimento.
Interesse crescente por esse tipo de composto
Mas o que a sociedade foi deixando de lado, a ciência está resgatando.
— Vários estudos mostram que uma dieta rica em frutas, vegetais, cereais integrais e leguminosas pode trazer benefícios à saúde e diminuir o risco de doenças crônicas degenerativas, o que explica o interesse crescente nesses compostos — destaca a nutricionista Denise Dillenburg Osório, coordenadora do Curso Técnico em Nutrição e Dietética da Escola Profissional da Fundação Universitária de Cardiologia.
Ainda que não sejam essenciais para a sobrevivência do homem — os fitoquímicos não são considerados nutrientes porque sua falta não gera deficiências vitais —, estes compostos apresentam benefícios que têm feito muitos autores considerá-los verdadeiros "guardiões da saúde".
Cuidado com os processados
Cada tipo de vegetal pode conter centenas de fitoquímicos. Para se ter uma ideia, apenas uma laranja contém 170 ou mais compostos diferentes. Por formarem um grupo altamente numeroso (existem milhares deles), seus benefícios para os seres humanos ainda não são totalmente conhecidos. Entre os já identificados, estão as propriedades antioxidantes desses compostos, o que significa que eles nos protegem contra substâncias chamadas radicais livres, que podem danificar as células saudáveis do organismo.
Mas é preciso ficar atento aos produtos industrializados que se dizem "ricos em fitoquímicos". Conforme a nutricionista Vanessa Franzen Leite, especialista em nutrição clínica e esportiva, o processamento dos alimentos influencia na redução significativa ou na perda total desses compostos.
— Os fitoquímicos são encontrados nas frutas e vegetais naturalmente. Quando esses alimentos são processados ou cozidos, os compostos acabam sendo destruídos ou removidos — explica a nutricionista.
O ideal é consumi-los in natura, recomenda Vanessa. Dessa forma, eles podem ajudar a modular a coagulação sanguínea, a aumentar as defesas do corpo, a retardar o envelhecimento, entre outros benefícios à saúde.
E a cada nova pesquisa, novas descobertas são feitas:
— Estudos recentes demonstram que os fitoquímicos podem atuar em diferentes fases de desenvolvimento das células adiposas, estimulando a quebra de gordura, e, consequentemente, reduzindo a obesidade — complementa a nutricionista Carla Haas Piovesan, mestre em Ciências da Saúde e professora do curso de graduação em Nutrição da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Para quem e de que forma são eficazes
Para a especialista, o ideal é consumir esses alimentos de forma variada, com frequência diária e dentro de um plano alimentar balanceado e individualizado. Dessa forma, eles podem ser muito eficazes para quem ainda não tem fatores de risco a determinadas doenças. Entretanto, para os que já apresentam sintomas ou já foram acometidos por enfermidades, o consumo de fitoquímicos deve ser visto como um complemento do tratamento médico, e não como substituto dos medicamentos.
— Nessas situações, a dieta serve para agir, junto aos medicamentos, na melhora do paciente — explica Carla.
Mais cor, menos dor
Uma dieta mais colorida foi a recomendação dada pela nutricionista Carla Piovesan para a educadora física Daisy Guimarães, 53 anos. Foi quando entrou na menopausa, por volta dos 50 anos, que ela sentiu algumas mudanças significativas no corpo. As alterações hormonais típicas dessa fase fizeram Daisy — acostumada a praticar exercícios diariamente — ganhar peso, aumentar o nível de estresse, sentir dores no corpo e palpitações que a obrigaram a reduzir as atividades. Ao consultar um médico, viu que diversos exames, como colesterol e pressão, estavam alterados.
— O mal-estar começou a ficar muito grande. Tive de abrir mão dos exercícios e isso não estava me fazendo bem. Então, fui a um cardiologista e à nutricionista. O trabalho em conjunto deles me fez melhorar muito — conta.
Além dos medicamentos receitados, Daisy passou a seguir dieta rica em fitoquímicos. Pratos mais coloridos, sucos e frutas ao longo do dia foram algumas das recomendações que passou a seguir rigorosamente:
— Hoje, aprendi, inclusive, a preparar as saladas de formas variadas. Com temperos diferentes, elas ficam mais gostosas.
Um ano e meio após o início do tratamento, a educadora física comemora os 12 quilos a menos e uma disposição muito maior do que a apresentada anteriormente.
— A Daisy estava em grupo de risco para doenças crônicas, com exames alterados e pressão aumentada. Uma reeducação alimentar colaborou no tratamento das alterações existentes e preveniu a piora. Hoje, ela está com exames melhores — afirma Carla.
Menos estressada e mais disposta, a educadora física voltou a praticar esportes e faz dança, natação e pilates.
Mais de 2 mil pigmentos
Descobertos na década de 80 pelo químico Gary Postner, da John Hopkins University, nos Estados Unidos, os fitoquímicos se originaram para ajudar as plantas a sobreviverem em ambientes hostis. A palavra '"fitoquímico'' significa, literalmente, química da fito (planta).
Desde a tonalidade vermelha dos morangos ao aroma do alho, os fitoquímicos ajudam a dar às plantas as suas distintas cores, cheiros e sabores. Há mais de 2 mil pigmentos vegetais conhecidos em alimentos, e as diferentes cores podem indicar seus papéis fisiológicos e benéficos para o homem.
Esses compostos, além de serem os responsáveis por dar cor aos alimentos, podem nos proteger ou ajudar a tratar de doenças fatais como câncer, problemas cardíacos, diabetes, hipertensão, entre outras.
Uma dieta balanceada e saudável sempre foi defendida por médicos e nutricionistas como elemento fundamental para a manutenção do bem-estar físico e mental. A constatação, na verdade, é mais antiga do que pensamos. Há mais de 2,5 mil anos, o filósofo grego e "pai da medicina", Hipócrates, já dizia: "Que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio". Para o pensador, as doenças estavam relacionadas ao meio em que vivemos, à raça e ao que comemos. Com as mudanças econômicas, o processo de industrialização dos alimentos e o aumento no consumo de fast foods, salgadinhos e refrigerantes, isso tem sido relegado ao esquecimento.
Interesse crescente por esse tipo de composto
Mas o que a sociedade foi deixando de lado, a ciência está resgatando.
— Vários estudos mostram que uma dieta rica em frutas, vegetais, cereais integrais e leguminosas pode trazer benefícios à saúde e diminuir o risco de doenças crônicas degenerativas, o que explica o interesse crescente nesses compostos — destaca a nutricionista Denise Dillenburg Osório, coordenadora do Curso Técnico em Nutrição e Dietética da Escola Profissional da Fundação Universitária de Cardiologia.
Ainda que não sejam essenciais para a sobrevivência do homem — os fitoquímicos não são considerados nutrientes porque sua falta não gera deficiências vitais —, estes compostos apresentam benefícios que têm feito muitos autores considerá-los verdadeiros "guardiões da saúde".
Cuidado com os processados
Cada tipo de vegetal pode conter centenas de fitoquímicos. Para se ter uma ideia, apenas uma laranja contém 170 ou mais compostos diferentes. Por formarem um grupo altamente numeroso (existem milhares deles), seus benefícios para os seres humanos ainda não são totalmente conhecidos. Entre os já identificados, estão as propriedades antioxidantes desses compostos, o que significa que eles nos protegem contra substâncias chamadas radicais livres, que podem danificar as células saudáveis do organismo.
Mas é preciso ficar atento aos produtos industrializados que se dizem "ricos em fitoquímicos". Conforme a nutricionista Vanessa Franzen Leite, especialista em nutrição clínica e esportiva, o processamento dos alimentos influencia na redução significativa ou na perda total desses compostos.
— Os fitoquímicos são encontrados nas frutas e vegetais naturalmente. Quando esses alimentos são processados ou cozidos, os compostos acabam sendo destruídos ou removidos — explica a nutricionista.
O ideal é consumi-los in natura, recomenda Vanessa. Dessa forma, eles podem ajudar a modular a coagulação sanguínea, a aumentar as defesas do corpo, a retardar o envelhecimento, entre outros benefícios à saúde.
E a cada nova pesquisa, novas descobertas são feitas:
— Estudos recentes demonstram que os fitoquímicos podem atuar em diferentes fases de desenvolvimento das células adiposas, estimulando a quebra de gordura, e, consequentemente, reduzindo a obesidade — complementa a nutricionista Carla Haas Piovesan, mestre em Ciências da Saúde e professora do curso de graduação em Nutrição da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Para quem e de que forma são eficazes
Para a especialista, o ideal é consumir esses alimentos de forma variada, com frequência diária e dentro de um plano alimentar balanceado e individualizado. Dessa forma, eles podem ser muito eficazes para quem ainda não tem fatores de risco a determinadas doenças. Entretanto, para os que já apresentam sintomas ou já foram acometidos por enfermidades, o consumo de fitoquímicos deve ser visto como um complemento do tratamento médico, e não como substituto dos medicamentos.
— Nessas situações, a dieta serve para agir, junto aos medicamentos, na melhora do paciente — explica Carla.
Mais cor, menos dor
Uma dieta mais colorida foi a recomendação dada pela nutricionista Carla Piovesan para a educadora física Daisy Guimarães, 53 anos. Foi quando entrou na menopausa, por volta dos 50 anos, que ela sentiu algumas mudanças significativas no corpo. As alterações hormonais típicas dessa fase fizeram Daisy — acostumada a praticar exercícios diariamente — ganhar peso, aumentar o nível de estresse, sentir dores no corpo e palpitações que a obrigaram a reduzir as atividades. Ao consultar um médico, viu que diversos exames, como colesterol e pressão, estavam alterados.
— O mal-estar começou a ficar muito grande. Tive de abrir mão dos exercícios e isso não estava me fazendo bem. Então, fui a um cardiologista e à nutricionista. O trabalho em conjunto deles me fez melhorar muito — conta.
Além dos medicamentos receitados, Daisy passou a seguir dieta rica em fitoquímicos. Pratos mais coloridos, sucos e frutas ao longo do dia foram algumas das recomendações que passou a seguir rigorosamente:
— Hoje, aprendi, inclusive, a preparar as saladas de formas variadas. Com temperos diferentes, elas ficam mais gostosas.
Um ano e meio após o início do tratamento, a educadora física comemora os 12 quilos a menos e uma disposição muito maior do que a apresentada anteriormente.
— A Daisy estava em grupo de risco para doenças crônicas, com exames alterados e pressão aumentada. Uma reeducação alimentar colaborou no tratamento das alterações existentes e preveniu a piora. Hoje, ela está com exames melhores — afirma Carla.
Menos estressada e mais disposta, a educadora física voltou a praticar esportes e faz dança, natação e pilates.
Mais de 2 mil pigmentos
Descobertos na década de 80 pelo químico Gary Postner, da John Hopkins University, nos Estados Unidos, os fitoquímicos se originaram para ajudar as plantas a sobreviverem em ambientes hostis. A palavra '"fitoquímico'' significa, literalmente, química da fito (planta).
Desde a tonalidade vermelha dos morangos ao aroma do alho, os fitoquímicos ajudam a dar às plantas as suas distintas cores, cheiros e sabores. Há mais de 2 mil pigmentos vegetais conhecidos em alimentos, e as diferentes cores podem indicar seus papéis fisiológicos e benéficos para o homem.
Zero Hora
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