Foto: Carlos Macedo / Agencia RBS Gioovani Maciel Solari, 49 anos, é um dos mais assíduos no Hemocentro do RS |
- Vou como voluntário, tem gente que vai só quando precisa - diz Solari.
Nesta segunda-feira, hemocentros públicos e privados comemoram o Dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue, como forma de homenagear as pessoas que, no ano passado, realizaram cerca de 300 mil doações no Estado e ajudaram a salvar vidas.
Destinada para diversos fins, uma única bolsa de sangue, recheada de glóbulos vermelhos, plaquetas, plasma, entre outros, é utilizada em quatro situações clínicas importantes. Pode socorrer, por exemplo, pacientes que sofreram acidentes, passaram por cirurgias, transplantes ou por incontáveis horas de radioterapia e quimioterapia.
Rosane de Oliveira: doação de sangue, antes tarde do que mais tarde Solari começou a doar para compensar a ajuda que a filha de 21 anos recebe de remédios industrializados, feitos a partir de componentes do sangue, para controlar um problema de coagulação. Desde então, vestiu a camisa e se tornou um dos doadores mais assíduos do hemocentro.
Na sexta-feira, quando voltou ao local pela quarta vez no ano, não foi autorizado a doar. A pressão alta o impediu pela primeira vez. Com exigências que vão desde idade até a proibição de ter feito uma tatuagem nos últimos 12 meses, há dificuldades para arrecadar voluntários aptos.
- Tinha que vir mais gente, mas falta a cultura da doação, do ato solidário - comenta a psicóloga Sandra Garcia Bueno (A+), coordenadora do núcleo de atendimento ao doador do Hemocentro RS.
Foram as restrições que impossibilitaram coletas de sangue de seis amigos da advogada Thatiana Antunes Marranghello (A-), 28 anos. Ela foi aprovada e, na sexta-feira, estreou a vida de doadora. Chegou até o hemocentro movida pela necessidade de reposição de sangue para a mãe de uma amiga, internada na UTI. É desta forma que a maioria das pessoas chega até a confortável poltrona onde o braço será esticado e a coleta, realizada. Tatiana enfrentou o medo de ver sangue e saiu sorridente, com vontade de retornar.
- É bem tranquilo. Saí com a sensação de fazer o bem - relatou a advogada.
Foto: Carlos Macedo, Agência RBS Thatiana apesar do medo, Thatiana Antunes Marranghello achou tranquila a primeira doação |
Almeri Marlene Balsan (A-), médica do banco de sangue do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, diz que o ideal seria que os centros de coleta não precisassem depender da doação de reposição - quando é solicitado um número de doadores para compensar as bolsas utilizadas por uma pessoa internada.
- Se não houver um doador de sangue, de onde vamos tirar? É um produto que não é comprado, não está à venda na prateleira das farmácias e não tem indústria que produza que não seja o nosso organismo - ressalta a médica.
Em vídeo, veja o passo a passo da doação comentado pela colunista e doadora voluntária Rosane de Oliveira:
Idade máxima agora é de 69 anos
Se a regra não tivesse mudado, o militar da reserva do Exército Carlos Henrique Bohmer Conrado (B+), 66 anos, teria apenas mais um ano para seguir a rotina de doar sangue. Antes mesmo de vestir a farda verde pela primeira vez, há quase meio século, ele já sentia o prazer de ajudar quem nem conhecia.
- Quem me convenceu a doar foi meu irmão. Ele disse que estavam pedindo doações de sangue pelo rádio, porque tinha ocorrido um acidente envolvendo um ônibus, com várias pessoas feridas - relembra Conrado.
Desde então, o militar não parou mais e, neste mês, descobriu que terá mais uns anos para continuar fazendo o ato que considera ser um gesto de solidariedade. Na terça-feira, 12 de novembro, o Ministério da Saúde ampliou a idade máxima de doação de sangue para 69 anos, 11 meses e 29 dias, o que aumenta em 2 milhões o público potencial de doadores. Até então, a faixa etária para doação era de 16 a 67 anos.
A médica Almeri Marlene Balsan (A-), do banco de sangue do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, explica que o sangue não envelhece e que os limites de idades ocorrem por uma questão de proteção ao doador.
- A nossa qualidade de vida está melhor, o cuidado com a saúde se aperfeiçoou e, hoje, vivemos por mais tempo, por isso temos condições de doar sangue. O sangue não envelhece, tanto em um indivíduo de 30 anos quanto em um de 70, o glóbulo vermelho tem uma sobrevida de 120 dias na circulação e, na bolsa, se conservado de 2°C a 6°C, de 35 dias - diz a médica.
O santa-mariense Conrado, que nunca precisou receber sangue e esbanja uma pressão sob controle, comenta que, enquanto tiver com a saúde boa, vai continuar abastecendo os bancos do Estado. Morador de Canoas, ele já tem um programa para esta semana: ir ao Hemocentro de Porto Alegre doar vida.
Zero Hora
Nenhum comentário:
Postar um comentário