São Paulo – Os casos de diabetes já motivaram mais de 14 mil internações em São
Paulo neste ano. O levantamento, divulgado ontem (14) pela Secretaria de Estado
da Saúde, abrange os meses de janeiro a agosto, e aponta que, em média, a cada
24 minutos um paciente procura socorro em um hospital público da rede
estadual.
Ao todo, 14.222 portadores do diabetes foram internados nos oito primeiros
meses do ano, o que resulta em uma média de 59 pessoas por dia. Se a média for
mantida, até dezembro 21.535 pessoas precisarão de internação. Em 2012, o total
foram 22.076 internações ou 61 pacientes dando entrada em hospitais, por dia e,
em 2011, foram 23.250 internações, com média de 64 por dia.
De acordo com Daniel Magnoni, nutrólogo da Divisão de Nutrição Clínica do
Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, há dois tipos de diabetes,
classificadas como 1 ou 2. O tipo 1 possui origem genética e seus sintomas dão
sinais antes da fase adulta do portador. O tipo 2 já é mais recorrente em
idosos, assim como em pessoas obesas, porém pode ser prevenido.
“É fundamental lembrarmos que diabetes do tipo 2 pode, sim, ser prevenida por
meio da redução de peso, prática de atividade física e a diminuição do consumo
de carboidratos, açúcar, sal e gordura saturada”, explica Magnoni. Segundo o
especialista, a falta de cuidados pode agravar a arteriosclerose, os distúrbios
metabólicos, as lesões nos rins e até os quadros de acidente vascular cerebral
(AVC).
Nos casos dos pacientes diabéticos que também têm câncer, os cuidados
precisam ser ainda maiores, porque o nível glicêmico fica descompensado pelos
efeitos adversos causados por quimioterápicos e, portanto, necessitam
rapidamente de controle para que o tratamento oncológico continue.
O Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), unidade ligada à
Secretaria de Estado da Saúde e à Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (FMUSP), desenvolveu um projeto que reduziu em 90% a procura de pacientes
diabéticos com câncer ao setor de pronto-atendimento do hospital.
Com o desenvolvimento do projeto, o Icesp analisou seus resultados. Após dois
anos e meio da implantação, ao todo foram atendidos 361 pacientes, dos quais 185
mulheres e 176 homens, com idade média de 62 anos.
Do total de pacientes encaminhados pelo controle pré-operatório, nenhum deles
precisou ter a cirurgia adiada devido a problemas no nível glicêmico. Outro
fator positivo do projeto é que antes da intervenção do grupo, 40 pacientes
compareceram ao pronto-socorro e, após, somente quatro, o que indica a
diminuição de 90%.
Para a médica Ana Hoff, coordenadora do Serviço de Endocrinologia do Icesp, a
importância do programa é o monitoramento que o paciente faz, tornando-se menos
dependente das consultas médicas. “Diabetes é uma das disfunções que mais
atingem os pacientes. Por isso, o programa é muito importante, já que um
controle rápido jamais seria possível caso o monitoramento e os ajustes nas
doses de medicação fossem feitos somente nas consultas de retorno”, explica.
O programa consiste em orientar e monitorar os pacientes, de maneira
individualizada. Na primeira etapa do atendimento, uma equipe ensina os
pacientes o que é a doença, como monitorá-la e como dosar o medicamento em sua
própria casa. Um enfermeiro referência auxilia os pacientes de forma didática,
com ilustrações, demonstrações teóricas e práticas sobre como aplicar a
insulina. Semanalmente, os pacientes podem interagir com a equipe médica por
e-mail.
Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário