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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Pesquisa mostra que crise de epilepsia compromete memória verbal e não verbal

Estudo da Faculdade de Medicina da USP com portadores de epilepsia de difícil controle mostra que crise, ainda que originada de um lado do cérebro, afeta ambos os lados do órgão
 
Uma pesquisa da Faculdade de Medicina (FM) da USP analisou os efeitos na memória em pacientes que sofrem de epilepsia de difícil controle. Os resultados apontaram que as crises, ainda que originais de um lado do cérebro, afetam ambos os lados do órgão, comprometendo a memória verbal e não verbal das pessoas.
 
O estudo do médico Lecio Figueira Pinto avaliou pacientes com epilepsia, acompanhados no Hospital das Clínicas (HC) da FM. Dessa população, foram escolhidos aqueles que apresentam a chamada esclerose de hipocampo, uma lesão cortical dessa área cerebral que é a causa mais frequente de epilepsia de difícil controle.
 
Para o pesquisador, esse tipo de epilepsia consiste um bom modelo de estudo, pois os pacientes “apresentam crises que afetam uma parte do cérebro chamada lobo temporal, mais especificamente o hipocampo, parte crucial nos processos cognitivos, em especial a memória, o que o torna uma estrutura chave para que as informações sejam armazenadas e, posteriormente, recordadas”.
 
No total, 121 pacientes tiveram seus exames de eletroencefalograma avaliados, em um estudo retrospectivo que buscou medir as funções cognitivas das pessoas, o que inclui aspectos como memória verbal, não verbal, atenção e linguagem. O exame analisado consiste em o paciente ficar internado por um ou mais dias, e durante esse período eles têm a atividade eletroencefalográfica continuamente gravada e concomitantemente são filmados, de forma a registrar o que acontece, tanto na hora das crises, como entre elas.
 
Muito a ser esclarecido
Os dados dos participantes foram estudados estatisticamente, de forma a comparar se aqueles que apresentavam uma lesão cerebral unilateral, à direita ou à esquerda, e que apresentaram alteração eletroencefalográfica unilateral ou bilateral, apresentam também diferença no desempenho nos testes neuropsicológicos, que incluiu memória verbal, não verbal, funções executivas, linguagem, escalas de ansiedade e depressão e questionário de queixas de memória.
 
Lecio ressalta que, apesar de o assunto ser muito estudado, ainda faltam esclarecimentos. “Nesse sentido, resolvemos investigar se, nos pacientes que apresentam alteração elétrica medida pelo eletroencefalograma que atinge não apenas o lado onde existe a lesão causadora da epilepsia, existiria maior impacto sobre memória e outros aspectos cognitivos”.
 
Ele explica que pacientes com lesão no lado esquerdo no lobo temporal apresentam alteração de memória que envolve conteúdo verbal, pois as estruturas presentes neste lado do cérebro são responsáveis pela linguagem e também pela memorização de conteúdos com significado verbal.
 
Por outro lado, pacientes que possuem lesões no lado direito, apresentam alterações na memorização de aspectos não verbais, incluindo pontos visuais e espaciais. Entretanto, a análise dos dados permitiu identificar que, pacientes com lesão à esquerda têm um desempenho ainda pior das funções não verbais, ligadas ao lado oposto do cérebro. “Conseguimos perceber que o outro lado, com relação à parte afetada pelas crises, também possui importância e é afetado pelas crises”.
 
iG

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