Brasília - Garantir tratamento contra a aids a todas as pessoas
diagnosticadas soropositivas, independentemente do estágio da doença, é
fundamental para que a meta estabelecida pelo Programa Conjunto das Nações
Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) seja cumprida.
Até 2015, o programa prevê a
distribuição de medicamentos para 15 milhões de pessoas em todo o mundo.
Atualmente, estima-se que aproximadamente 11 milhões de pessoas estejam em
tratamento contra a doença em diversos países.
Neste domingo (1º), Dia Mundial de Luta contra a Aids, o médico sanitarista e
epidemiologista Pedro Chequer ressaltou que os países devem adotar a metodologia
conhecida como Teste e Trate que, além de melhorar a resposta do organismo,
ajuda a prevenir a disseminação do vírus. "Hoje sabemos que, quanto mais cedo
for iniciado o tratamento antes de haver danos ao sistema imunológico até
irreversíveis, a resposta aos medicamentos é muito melhor. Além disso, a nova
abordagem científica que se tem dado à questão é que o tratamento precoce é um
método adicional de prevenção", disse o especialista, que coordenou a política
de aids do Ministério da Saúde e dirigiu o Unaids no Brasil.
Estudos internacionais mostram que o uso precoce de antirretrovirais reduz em
96% a taxa de transmissão do HIV. No Brasil, a ampliação do tratamento está
sendo estudada pelo Ministério da Saúde que, há cerca de dois meses, submeteu à
consulta pública um protocolo de atendimento prevendo que o tratamento seja
fornecido ao paciente com aids que tiver CD4 (células de defesa do organismo)
acima de 500 para cada milímetro cúbico de sangue e não apresente os sintomas da
doença.
Pela regra atual, a rede pública de saúde fornece tratamento ao paciente com
aids que tiver CD4 abaixo de 500 para cada milímetro cúbico de sangue. Desde o
início de 2013, também podem receber o tratamento casais sorodiscordantes
(aqueles em que um dos parceiros tem o vírus e o outro não) com CD4 acima de 500
células para cada milímetro cúbico de sangue, pacientes que convivem com outras
doenças, como tuberculose e hepatite, e pacientes assintomáticos com CD4 menor
de 500. A validação das proposições recebidas e elaboração da versão final
consolidada do protocolo será coordenada pelo Departamento de DST, Aids e
Hepatites Virais, que deve finalizar o documento ainda este ano.
Pedro Chequer também ressaltou o papel de destaque que o Brasil desempenha
por meio de acordos de cooperação com países da África, como Cabo Verde, o Timor
Leste, a Guiné-Bissau e Moçambique, para a transferência de tecnologia e de
medicamentos.
Relatório divulgado este ano pelo Unaids revela que, entre 2001 e 2012,
somente na África Subsaariana, o número de novas infecções registradas, por ano,
teve queda de quase 40%. Em 2001, 2,6 milhões de pessoas foram infectadas. Em
2012, foram 1,6 milhão. Em todo o mundo, o documento aponta que houve 2,3
milhões de novas infecções por HIV no ano passado. O número foi o menor
registrado desde a segunda metade da década de 1990, quando cerca de 3,5 milhões
de novos casos eram diagnosticados por ano.
Além disso, entre os anos de 2001 e 2012, o número de novas infecções por HIV
caiu 33%. Já o número de mortes relacionadas à aids diminuiu 29% entre 2005 e
2012. Em 2005, 2,3 milhões de pessoas morreram em decorrência da doença. Em
2012, foram 1,6 milhão.
A aids é uma deficiência no sistema imunológico associada à infecção pelo
vírus HIV, que provoca o aumento na suscetibilidade a infecções oportunistas e
ao câncer. A transmissão ocorre por meio do sangue, sêmen, de secreção vaginal e
do leite materno. O uso do preservativo em relações sexuais é apontado como a
principal forma de prevenção da doença.
O tratamento é feito com a administração de antirretrovirais, medicamentos
que suprimem agressivamente a replicação do vírus HIV e proporcionam a melhoria
da qualidade de vida, redução da ocorrência de infecções oportunistas, redução
da mortalidade e o aumento da sobrevida dos pacientes.
Agência Brasil
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