Autores avaliaram neurônios de lesma que vive no mar da Califórnia. Duas principais moléculas estão envolvidas nesse processo cerebral
Neurocientistas americanos afirmam em estudo que identificaram os processos cerebrais responsáveis por "quando" e "onde" se formam as memórias de curto, médio e longo prazos. Os resultados da pesquisa das universidades de Nova York e da Califórnia no campus de Irvine estão publicados na revista "Proceedings", da Academia Nacional de Ciências dos EUA.
Os autores analisaram os neurônios da espécie de lesma Aplysia californica, que vive no mar da Califória. O animal é um bom modelo para esse tipo de estudo porque suas células neurais são bem grandes – de 10 a 15 vezes maiores que as de organismos superiores, como os vertebrados – e se parecem com as dos mamíferos. Além disso, a lesma tem uma rede de neurônios relativamente pequena, o que permite um exame rápido de sinalização das moléculas envolvidas na criação da memória.
Foram analisadas duas moléculas principais, chamadas MAPK e PKA. Em pesquisas anteriores, cientistas já haviam descoberto diferentes aspectos de sinalização molecular para a criação da memória, e essas moléculas se mostraram envolvidas em várias formas de lembranças e plasticidade sináptica, que é a capacidade de rearranjo dos neurônios após uma lesão, por exemplo. Apesar disso, pouco se sabia sobre como e onde essas moléculas interagiam e quando exatamente eram ativadas durante esse processo.
Em memórias de médio (referente a horas) e longo prazos (associada a dias), tanto a MAPK quanto a PKA são ativadas. Já em lembranças de curta duração, ou seja, de menos de 30 minutos, apenas a PKA é acionada.
Segundo o principal autor do trabalho, Thomas Carew, professor do Centro de Ciência Neural e reitor da Faculdade de Artes e Ciências da Universidade de Nova York, a formação da memória não é simplesmente uma questão de ligar e desligar moléculas. Pelo contrário, ela resulta de uma complexa relação temporal e espacial entre a MAPK e a PKA.
A descoberta, segundo a equipe, oferece uma nova compreensão sobre a arquitetura molecular envolvida na construção da memória e, consequentemente, um melhor "roteiro" para o desenvolvimento de terapias contra doenças degenerativas que atingem essa região, como o mal de Alzheimer.
G1
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