Reprofução |
A jornalista Julia Scott foi a cobaia que testou o produto, espirrando o spray no rosto, couro cabeludo e corpo duas vezes por dia.
Spiros Jamas, o executivo-chefe da AOBiome, informou a Julia de que, como as bactérias estavam vivas, era preciso manter o produto em ambiente refrigerado.
Julia foi ao laboratório da empresa toda semana para que os pesquisadores coletassem e analisassem amostras de sua pele a fim de detectar mudanças na sua comunidade microbiana invisível.
Spiros Jamas, o executivo-chefe da AOBiome e doutor em biotecnologia, usa o spray em sua higiene diária há anos, e recorre ao sabonete apenas duas vezes por semana. David Whitlock, o engenheiro químico que inventou AO+, não toma banho há 12 anos (ele pensou pela primeira vez no produto em 2001, quando notou que cavalos gostavam de rolar na lama, e que isso tinha um motivo); apenas usa a colônia de bactérias para se limpar. O mais surpreendente é que eles não parecem sujos – nem no sentido visual, nem no olfativo.
Para ver o que a colônia de bactérias poderia fazer em pouco tempo, Julia abriu mão de todos os sabonetes, xampus e desodorantes que usava, e ficou só com o AO+.
Na segunda semana, sua paisagem bacteriana geral ainda era consistente com a maioria dos norte-americanos, tendo principalmente bactérias dos gêneros Propionibacterium, Corynebacterium e Staphylococcus. No entanto, os resultados também mostraram centenas de cepas de bactérias desconhecidas que ainda não tinham sido classificadas.
Nesse ponto, ela já estava começando a se arrepender de ter abandonado sabonete e xampu. Mal saía de casa, seu cabelo ficou mais escuro e oleoso, e tinha vergonha de desgrudar as axilas do seu corpo, pois detectava um odor vindo delas.
“Quando fui a academia, segui as instruções da AOBiome, usando o spray antes de sair de casa e de novo quando cheguei em casa. Os resultados: depois de deixar o AO+ secar na minha pele, eu cheirava melhor. Não totalmente sem cheiro, mas não tão ruim quanto eu ficaria normalmente. E, estranhamente, os meus pés não tinham nenhum cheiro”, conta Julia.
Logo, sua pele começou a mudar para melhor. Ficou mais macia e suave, e seus poros pareceram encolher. Ao final do estudo, Julia não queria voltar aos seus produtos de limpeza e cosméticos tradicionais, especialmente porque a maioria deles mata essa bactéria que tinha começado a viver em seu organismo.
A AOBiome está criando uma lista de produtos de limpeza “seguros” para a bactéria. Julia adotou, por enquanto, apenas um sabonete básico e um shampoo sem perfume – e mesmo assim quase expulsou todas as N. eutropha que deu duro para conquistar.
Futuro promissor
A Dra. Elizabeth Grice, professora de dermatologia na Universidade da Pensilvânia (EUA), que estuda o papel da microbiota na cicatrização de feridas e doenças inflamatórias da pele, disse que produtos como o da AOBiome poderiam um dia não só revolucionar tratamentos para acne, mas também nos ajudar a diagnosticar e curar doenças, lesões graves e muito mais.
“Aqueles com feridas que não respondem a antibióticos poderiam receber um coquetel probiótico adaptado para combater a cepa específica da bactéria infectante. O odor corporal pode ser alterado para repelir insetos e, assim, combater a malária e a dengue. E eczema e outras doenças inflamatórias crônicas poderiam ser amenizadas”, explica a Dra. Elizabeth.
Segundo a AOBiome, testes de laboratório mostram que seu produto ativa nitrito acidificado o suficiente para diminuir Staphylococcus aureus, bactéria frequentemente acusada de causar acne. Além disso, ratos diabéticos com feridas cutâneas se curaram mais rapidamente após duas semanas de tratamento com uma fórmula do spray.
Em breve, a AOBiome vai pedir aprovação a autoridades americanas para testar formas mais concentradas de bactérias para tratar úlceras diabéticas e outras condições dermatológicas.
[NYTimes] / Hypescience
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