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domingo, 29 de junho de 2014

Casos como o do jogador Suárez podem se caracterizar como doença psiquiátrica, quando há padrões recorrentes

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Foto: Reprodução
Comportamento explosivo, porém, pode ser um recurso do treinamento no esporte e precisa se bem direcionado para não resultar em incidentes nas competições 

Por Dr. Pérsio Gomes de Deus

O jogador de futebol uruguaio Luis Suárez foi penalizado pela FIFA a ficar sem jogar por nove jogos da Federação e foi banido por quatro meses de qualquer atividade relacionada ao futebol, depois do episódio em que mordeu o adversário italiano Giorgio Chiellini, no jogo da Copa do Mundo no dia 24 de junho. Um comportamento recorrente, que já se repetiu duas vezes nos últimos quatro anos em sua carreira. 

Em momentos de forte emoção ou no "calor da paixão" o ser humano pode ter condutas irracionais que chamamos de comportamentos em "curto-circuito". A pressão é tão intensa ou o estresse é tão forte que não há tempo de reflexão sobre os atos, daí falarmos em atos em curto-circuito ou irrefletidos. Isto pode ocorrer com qualquer pessoa. Daí veio um termo usado juridicamente de crimes passionais, realizados no "calor da paixão", que atualmente não são atenuantes penais. 

Mas as pessoas sem problemas psiquiátricos tem este comportamento em situações extremas, e elas são relativamente raras na vida. Ou seja, uma patologia pode ser entendida a partir das repetições deste comportamento e da intensidade. Se uma pessoa que apresenta esse tipo de comportamento recorrente, podemos pensar que ela pode possuir algum tipo de problema, mas a classificação varia de acordo com uma série de fatores.

Existem adultos com alterações justamente em áreas cerebrais responsáveis tanto pela impulsividade quanto pela agressividade, como em outras áreas que são responsáveis pelo controle ou gerência dessa agressividade ou impulsividade e isso pode se relacionar a alguma patologia. 

Uma delas é o transtorno de impulso, em que as pessoas apresentam um quadro caracterizado pela tendência marcante de agir impulsivamente sem a devida consideração das consequências. Além disto, está presente instabilidade afetiva ou emocional. Neste transtorno a pessoa ainda apresenta acessos de raiva e explosões comportamentais, principalmente quando seus atos são criticados ou impedidos por outras pessoas. Os transtornos de impulso são compreendidos como um tipo de transtorno de personalidade. 

A violência nos esportes
Devemos lembrar que atletas de competição apresentam uma capacidade de "explosão" que, quando bem direcionada, os faz ganhar títulos e quebrar recordes. Em determinados esportes, essa explosão permite a violência mesmo, como em determinadas lutas que atualmente batem recordes de público como MMA e outras lutas. Mas mesmo elas tem regras e a mordida não é permitida. O boxe, a "nobre arte", também é uma luta de violência "controlada", mas que já fez vítimas como o grande Muhamed Ali e recentemente o nosso Maguila. 

No futebol não é diferente: encontramos dois times, um de cada lado, como nos tempos medievais, e em lugar de espadas e lanças existe a bola e as traves. Existem também as travas das chuteiras na perna de adversários, cotoveladas, entradas desleais; mas "morder", como em outros esportes está fora das regras da "violência contida" do esporte. 

Parece que o público necessita extravasar sua própria violência contida assistindo e torcendo freneticamente a cada golpe, a cada queda, quanto mais sangue melhor, e isso por vezes acaba transformando estádios de futebol em verdadeiras praças de guerra com vítimas reais. Não é sem razão a presença de tantos policiais em jogos e partidas, que deveria ser uma atividade de lazer. 

Existe tratamento?
Como em medicina, e especialmente em neurociências, todas as patologias são multicausais - nunca podem ser reduzidas a uma única causa - no tratamento se faz necessária uma equipe multiprofissional, abrangendo profissionais da área da psiquiatria, da psicologia, da neurologia, e inclusive de aconselhamento religioso. 

E nem sempre uma punição será a melhor solução. Se a causa é orgânica (um trauma ou mau funcionamento de determinado sistema cerebral), dificilmente uma punição alterará o comportamento da pessoa. Fazendo uma metáfora, não adianta punir um computador que tem um "programa" defeituoso! 

Minha Vida

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