Foto: Reprodução - Cacau |
Cacau lavado é composto principalmente de polifenóis,
antioxidantes também encontrados em frutas e legumes. Alguns estudos já
sugeriram que polifenóis podem prevenir doenças degenerativas do
cérebro.
O estudo
Os pesquisadores utilizaram ratos geneticamente modificados para
imitar a doença de Alzheimer. Quando os animais receberam extrato de
cacau lavado, a proteína β-amiloide não formou aglomerados pegajosos nos
seus cérebros, conhecidos por danificar as células nervosas, conforme a
doença de Alzheimer progride.
Dentro de vias nervosas saudáveis, cada célula nervosa emite um pulso
elétrico até que ele atinja uma sinapse (espaços entre as células
nervosas) onde provoca a liberação de substâncias químicas chamadas
neurotransmissores, que passam informações adiante no cérebro.
Os aglomerados pegajosos de que falamos acima se constroem
normalmente em torno de sinapses. A teoria é que eles interferem
fisicamente com estruturas sinápticas e perturbam os mecanismos que
mantêm a capacidade dos circuitos de memória. Além disso, desencadeiam
respostas inflamatórias do sistema imunológico, como uma infecção, que
acabam danificando nossas próprias células.
“Nossos dados sugerem que extrato de cacau lavado previne a formação
anormal de aglomerados, evitando, em último caso, o declínio cognitivo”,
disse o principal autor do estudo, Giulio Maria Pasinetti. “Dado que o
declínio cognitivo na doença de Alzheimer se inicia décadas antes dos
sintomas aparecerem, acreditamos que nossos resultados têm amplas
implicações para a prevenção da doença de Alzheimer e da demência”.
Chocolate não, extrato de cacau lavado
Esse estudo é o primeiro a sugerir quantidades adequadas de
polifenóis específicas para impedir a formação de aglomerados que
danificam o cérebro como um meio de prevenir a doença de Alzheimer.
A equipe testou os efeitos de três tipos extratos de cacau que contêm
diferentes níveis de polifenóis: natural, holandês e lavado. Cada tipo
foi avaliado quanto à sua capacidade de reduzir a formação de
aglomerações e proteger a função sináptica.
Extrato lavado, que tem o maior teor de polifenóis e atividade
anti-inflamatória entre os três, foi o mais eficaz em reverter os danos
às sinapses nos ratos do estudo.
“Houve algumas inconsistências na literatura médica sobre o benefício
potencial de polifenóis do cacau na função cognitiva”, disse o Dr.
Pasinetti. “Nossa descoberta de proteção contra déficits sinápticos pelo
extrato de cacau lavado, mas não o holandês, sugere fortemente que os
polifenóis são o componente ativo que resgatam a transmissão sináptica,
uma vez que grande parte do conteúdo de polifenóis é perdido pela alta
alcalinidade no processo holandês”.
Como a perda de função sináptica pode ter um papel mais importante no
dano à memória do que a perda de células nervosas, o resgate da função
sináptica pode servir como um alvo mais confiável para uma droga eficaz
contra a doença de Alzheimer.
Além disso, o extrato de cacau lavado pode atuar como um suplemento
dietético seguro, barato e facilmente acessível para prevenir a doença
de Alzheimer, mesmo nos estágios iniciais assintomáticos da condição.
Science 2.0
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