Foto: Reprodução |
Por Dra. Ieda Laurindo
Para qualquer
indivíduo o sono deve ser uma experiência restauradora, todos devem se
sentir mais bem dispostos ao levantar do que ao deitar. Para o paciente
com fibromialgia
é frequente ocorrer o inverso, o paciente acorda mais cansado do que ao
deitar - é o chamado sono não reparador. Cerca de 75% dos pacientes
com fibromialgia relatam alterações do sono, particularmente sono
não reparador, atribuindo-se uma relação entre dor e alterações do sono.
Entretanto, não existem evidencias comprovando esta relação, bem como
não existem dados que permitam afirmar se estamos diante de uma relação
causal, de uma consequência ou mecanismo de manutenção das condições de
dor crônica.
A polissonografia é um método não invasivo (vagamente semelhante a um
eletrocardiograma, embora mais complexo) que permite o estudo dos
padrões de sono. Em muitos pacientes com fibromialgia é possível
observar uma arquitetura, um padrão do sono alterado.
O padrão
normal de sono compreende diferentes estágios, que se repetem. No início
da noite o estágio REM dura cerca de 10 minutos tornando-se mais
demorado próximo ao despertar. Existe um aumento da latência para o
início do sono, um aumento do número de microdespertares noturnos,
redução da quantidade da fase restauradora do sono e mais intrusões de
ondas alfas nos estágios caracterizados pelas ondas delta.
A
importância do sono para o bem estar do indivíduo é clara e tem sido
demonstrada em diferentes estudos. Uma noite bem dormida é necessária
para recuperação de qualquer doença, é parte da convalescência e do
crescimento. Privar um indivíduo do sono leva a alterações de humor,
atenção, piora as dores pré-existentes, é uma forma de tortura.
Recomenda-se que o ambiente reservado para o repouso deva ser calmo, silencioso procurando-se "deixar as preocupações do lado de fora". Para alguns, anotar as obrigações do dia seguinte ou as preocupações do momento, dedicando alguns minutos da noite a programar o dia seguinte ou a compartimentalizar o que pode ou não ser feito, o que está ou não dentro da sua esfera de influência, pode ajudar.
Várias são as técnicas
sugeridas, desde música suave, leitura, banho quente, aromas, exercícios
de relaxamento. É importante também dormir e acordar em horários
regulares, preferencialmente acompanhando a luz solar, favorecendo o
ritmo circadiano.
Finalmente, existem medicamentos, diferentes tipos,
que podem ajudar sem causar hábito. Sobretudo podem contribuir para um
adequado repouso noturno durante a fase inicial de tratamento, durante o
início de um programa de exercícios.
Como para qualquer doença o tratamento deve ser individualizado, o que funciona para um paciente pode ser totalmente ineficaz em outro. Esta é uma situação em que discutir as diferentes possibilidades com o médico, (procurando aquela mais adequada à personalidade e ao estilo de vida do paciente), permite alcançar os melhores resultados.
Referências
Affleck G, Urrows S, Tennen H, Higgins P, Abeles M. Sequential daily relations of sleep, pain intensity, and attention to pain among women with fibromyalgia. Pain. 1996;68:363-368
Anderson RJ1, McCrae CS, Staud R, Berry RB, Robinson ME. Predictors of clinical pain in fibromyalgia: examining the role of sleep. Pain. 2012 Apr;13(4):350-8. doi: 10.1016/j.jpain.2011.12.009. Epub 2012 Mar 3.
Bigatti SM, Hernandez AM, Cronan TA, Rand KL. Sleep disturbances in fibromyalgia syndrome: Relationship to pain and depression. Arthritis Rheum. 2008;59:961-967
Branco J, Atalaia A, Paiva T. Sleep cycles and alpha-delta sleep in fibromyalgia syndrome. J Rheumatol. 1994;21:1113-1117
Dzierzewski JM, Williams JM, Roditi D, Marsiske M, McCoy K, McNamara J, et al. Daily
variations in objective nighttime sleep and subjective morning pain in
older adults with insomnia: Evidence of covariation over time. J Am Geriatr Soc. 2010;58:925-930
Edwards RR, Almeida DM, Klick B, Haythornthwaite JA, Smith MT. Duration of sleep contributes to next-day pain report in the general population. Pain. 2008;137:202-207
Fontaine KR, Conn L, Clauw DJ. Effects
of lifestyle physical activity on perceived symptoms and physical
function in adults with fibromyalgia: Results of a randomized trial. Arthritis Res Ther. 2010;12:R55
Nicassio
PM, Moxham EG, Schuman CE, Gevirtz RN. The contribution of pain, reported sleep quality, and depressive symptoms to fatigue in fibromyalgia. Pain. 2002;100:271-279
O?Brien EM, Waxenberg LB,
Atchison JW, Gremillion HA, Staud RM, McCrae CS, et al. Negative mood mediates the effect of poor sleep on pain among chronic pain patients.
Clin J Pain. 2010;26:310-319
Onen SH, Alloui A, Gross A, Eschallier
A, Dubray C. The effects of total sleep deprivation, selective
sleep interruption and sleep recovery on pain tolerance thresholds in
healthy subjects. J Sleep Res. 2001;10:35-42
Minha Vida
Nenhum comentário:
Postar um comentário