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sábado, 28 de junho de 2014

Fotos de expressões faciais podem revelar problemas genéticos, diz estudo

Diagnóstico fica pronto em algumas horas; acredita-se que entre 30% e 40% das doenças genéticas raras envolvem algum tipo de mudança no rosto e crânio do paciente  

Pesquisadores da Grã-Bretanha criaram um programa de computador que reconhece expressões e traços faciais e também detecta problemas genéticos a partir das estruturas do rosto do paciente.

O diagnóstico pode ser feito em apenas algumas horas com a ajuda de uma simples foto de família.

Christoffer Nellaker/Universidade de Oxford
Programa constrói descrição da estrutura da face identificando extremidades dos olhos, nariz, boca

O programa, desenvolvido por pesquisadores das Universidades de Edimburgo, na Escócia, e Oxford, analisa fotos comuns do rosto dos pacientes usando tecnologia de reconhecimento facial semelhante à usada pelo Facebook, por exemplo.

Doenças raras: 
Além de reconhecer rostos em fotos comuns, o programa também analisa variações de luz, qualidade da imagem, o cenário de fundo, postura, expressão facial e identidade.

A partir daí, o programa constrói uma descrição da estrutura da face identificando as extremidades dos olhos, nariz, boca e outros traços e compara estes dados com que aprendeu a partir de outras fotografias já colocadas em seu sistema.

O algoritmo desenvolvido pelos pesquisadores junta automaticamente as fotos de pacientes que tenham a mesma doença ou síndrome.

O programa aprende à medida que vai acumulando mais dados: suas sugestões para cada foto ficam melhores se ele já analisou muitas fotos de outras pessoas com um tipo específico de síndrome ou doença.

Doenças ou síndromes genéticas são consideradas raras, mas, em uma análise coletiva, segundo a Universidade de Oxford, elas afetam uma em cada 17 pessoas do mundo.

Destas pessoas, um terço pode ter sintomas que reduzem muito a qualidade de vida. No entanto, a maioria das pessoas não consegue receber um diagnóstico genético.

"Um diagnóstico de uma doença genética rara pode ser um passo muito importante", disse o líder da pesquisa, Christoffer Nellaker, da Unidade de Genética Funcional da Universidade de Oxford.

"Pode dar aos pais alguma certeza e ajuda com o aconselhamento a respeito dos riscos para outros filhos e sobre a possibilidade de uma doença ou síndrome ser herdada pelos outros."

"Um diagnóstico também pode melhorar as estimativas de como a doença pode avançar, ou mostrar quais sintomas são causados pela síndrome ou doença genética e quais são causados por outros problemas clínicos que podem ser tratados", acrescentou.

Os resultados da pesquisa foram publicados na revista especializada eLife.

Diagnóstico com smartphones
O diagnóstico de um transtorno de desenvolvimento geralmente requer que os geneticistas tirem suas conclusões a partir de traços do rosto, exames e também de seus próprios conhecimentos.

Acredita-se que entre 30% e 40% das doenças genéticas raras envolvem algum tipo de mudança no rosto e crânio do paciente, possivelmente devido ao fato de muitos genes estarem envolvidos no desenvolvimento do rosto e crânio enquanto o bebê se desenvolve no útero da mãe.

Os pesquisadores britânicos "ensinaram" o programa de computador a fazer algumas destas avaliações de forma objetiva.
Os pesquisadores acreditam que, no futuro, os diagnósticos destas doenças poderão ser feitos até com um simples smartphone.

"No futuro, um médico em qualquer lugar do mundo poderá fazer uma foto de um paciente com um smartphone e fazer uma análise pelo computador para encontrar rapidamente uma doença genética ou síndrome que a pessoa pode ter", disse Nellaker.

"Esta abordagem objetiva vai ajudar a limitar os possíveis diagnósticos, facilitar as comparações e permitir que os médicos tenham mais certeza em suas conclusões", acrescentou.

BBC Brasil / iG

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