Diagnóstico fica pronto em algumas horas;
acredita-se que entre 30% e 40% das doenças genéticas raras envolvem
algum tipo de mudança no rosto e crânio do paciente
Pesquisadores da Grã-Bretanha criaram um programa de computador que
reconhece expressões e traços faciais e também detecta problemas
genéticos a partir das estruturas do rosto do paciente.
O diagnóstico pode ser feito em apenas algumas horas com a ajuda de uma simples foto de família.
Christoffer Nellaker/Universidade de Oxford
Programa constrói descrição da estrutura da face identificando extremidades dos olhos, nariz, boca
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O programa, desenvolvido por pesquisadores das
Universidades de Edimburgo, na Escócia, e Oxford, analisa fotos comuns
do rosto dos pacientes usando tecnologia de reconhecimento facial
semelhante à usada pelo Facebook, por exemplo.
Doenças raras:
Além de reconhecer rostos em fotos comuns, o programa também analisa variações de luz, qualidade da imagem, o cenário de fundo, postura, expressão facial e identidade.
Além de reconhecer rostos em fotos comuns, o programa também analisa variações de luz, qualidade da imagem, o cenário de fundo, postura, expressão facial e identidade.
A partir daí, o programa constrói
uma descrição da estrutura da face identificando as extremidades dos
olhos, nariz, boca e outros traços e compara estes dados com que
aprendeu a partir de outras fotografias já colocadas em seu sistema.
O algoritmo desenvolvido pelos pesquisadores junta automaticamente as fotos de pacientes que tenham a mesma doença ou síndrome.
O
programa aprende à medida que vai acumulando mais dados: suas sugestões
para cada foto ficam melhores se ele já analisou muitas fotos de outras
pessoas com um tipo específico de síndrome ou doença.
Doenças
ou síndromes genéticas são consideradas raras, mas, em uma análise
coletiva, segundo a Universidade de Oxford, elas afetam uma em cada 17
pessoas do mundo.
Destas pessoas, um terço pode ter sintomas que
reduzem muito a qualidade de vida. No entanto, a maioria das pessoas não
consegue receber um diagnóstico genético.
"Um diagnóstico de uma
doença genética rara pode ser um passo muito importante", disse o líder
da pesquisa, Christoffer Nellaker, da Unidade de Genética Funcional da
Universidade de Oxford.
"Pode dar aos pais alguma certeza e ajuda
com o aconselhamento a respeito dos riscos para outros filhos e sobre a
possibilidade de uma doença ou síndrome ser herdada pelos outros."
"Um
diagnóstico também pode melhorar as estimativas de como a doença pode
avançar, ou mostrar quais sintomas são causados pela síndrome ou doença
genética e quais são causados por outros problemas clínicos que podem
ser tratados", acrescentou.
Os resultados da pesquisa foram publicados na revista especializada eLife.
Diagnóstico com smartphones
O
diagnóstico de um transtorno de desenvolvimento geralmente requer que
os geneticistas tirem suas conclusões a partir de traços do rosto,
exames e também de seus próprios conhecimentos.
Acredita-se que
entre 30% e 40% das doenças genéticas raras envolvem algum tipo de
mudança no rosto e crânio do paciente, possivelmente devido ao fato de
muitos genes estarem envolvidos no desenvolvimento do rosto e crânio
enquanto o bebê se desenvolve no útero da mãe.
Os pesquisadores britânicos "ensinaram" o programa de computador a fazer algumas destas avaliações de forma objetiva.
Os pesquisadores acreditam que, no futuro, os diagnósticos destas doenças poderão ser feitos até com um simples smartphone.
"No
futuro, um médico em qualquer lugar do mundo poderá fazer uma foto de
um paciente com um smartphone e fazer uma análise pelo computador para
encontrar rapidamente uma doença genética ou síndrome que a pessoa pode
ter", disse Nellaker.
"Esta abordagem objetiva vai ajudar a
limitar os possíveis diagnósticos, facilitar as comparações e permitir
que os médicos tenham mais certeza em suas conclusões", acrescentou.
BBC Brasil / iG
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