Rio - A partir de agosto, pais de crianças com restrições alimentares
ficarão mais tranquilos ao deixarem os pequenos na escola. Uma nova lei
torna obrigatório que unidades educacionais públicas e privadas
ofereçam merenda diferenciada e adequada para diabéticos, intolerantes a
lactose e glúten e pessoas com alergia a corantes e conservantes, por
exemplo.
As escolas deverão se adequar de acordo com o
número de alunos com as doenças. Além disso, os responsáveis poderão
exigir um cardápio individualizado. Segundo o pediatra Antonio Carlos
Turner, da clínica Materno-Infantil, as complicações causadas pela
ingestão de alimentos ‘proibidos’ incluem vômitos, diarreias e dores
abdominais, no caso dos intolerantes. Asma, edema de glote e choque
anafilático são mais recorrentes entre os alérgicos, e coma, entre os
diabéticos.
Mãe de uma menina de 1 ano e 8 meses que sofre
de síndrome alérgica grave às proteínas do leite e da soja, a advogada
Mônica Bellotto, 38 anos, chegou a pensar em se mudar para os Estados
Unidos para poder oferecer melhores condições à pequena. Para ela, a
maioria das pessoas no Brasil, incluindo educadores e pais, pensa que
alergia alimentar é “frescura”, e não toma cuidados básicos, como não
oferecer ‘comida comum’ a alérgicos.
Prazo para adequação
Mônica conta que, desde recém-nascida, Elis tem
uma resposta inflamatória no intestino (interocolite) toda vez que
ingere algum alimento que contenha as proteínas. O resultado da ingestão
são longas sequências de vômitos que podem durar até 30minutos, e
ocorrem de 15 a 20 vezes.
“Se minha filha toma uma colher de café de
leite de vaca ou soja ela vomita tanto que tem que ser levada para o
pronto-socorro com urgência”, conta. “Por ser muito pequena, ela
desidrata rápido e pode sofrer um ataque cardíaco”, disse, acrescentando
que vai cobrar mudanças na creche onde a menina estuda.
A medida foi sancionada em maio e estados e municípios têm três meses para se adequarem.
Todos devem se envolver
Para Antonio Carlos, o cumprimento da lei e a
proteção às crianças alérgicas devem envolver todos os setores da
escola. Ele cita que, nos refeitórios, ocorre, com frequência, a troca
de pratos entre os pequenos, o que pode colocar os com restrição em
risco.
“Às vezes um tem vontade de provar o que está com o outro”. O pediatra defende uma campanha interna para que funcionários e estudantes entendam os riscos de compartilhar a comida.
“Às vezes um tem vontade de provar o que está com o outro”. O pediatra defende uma campanha interna para que funcionários e estudantes entendam os riscos de compartilhar a comida.
Segundo ele, o risco também vem das
merendeira,que podem confundir os produtos e dar um alérgeno (substância
que causa alergia) a uma criança com a doença. “Esse tipo de situação
não é incomum”, alerta.
As secretarias municipal e estadual de Educação
do Rio de Janeiro informaram que já se reúnem com nutricionistas da
rede pública de saúde para montar cardápios especiais.
O Dia
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