Por Dr. Lucas Romano
A prescrição de medicamentos
é a forma de tratamento mais usada nos transtornos mentais e
psicológicos de maneira geral. A regra de ouro para qualquer tratamento é
um bom diagnóstico, e no caso da psiquiatria precisamos avaliar se os
sintomas não são causados por uma doença clínica de outras origens, por
exemplo endocrinológica, neurológica ou cardiológica.
Podemos entender que a psicofarmacoterapia (prescrição de medicamentos
psiquiátricos) é uma arte na qual o psiquiatra precisa considerar que em
cada indivíduo haverá diferença na absorção e distribuição da droga no
organismo, bem como na forma como será eliminada. Também em cada indivíduo os mecanismos de ação da droga e a relação entre sua
concentração e os efeitos alcançados serão únicos.
Além dos itens
ditos biológicos que foram citados, o psiquiatra está ciente da relação
corpo e mente, cada qual influenciando e sendo influenciado pelo outro.
E para tornar ainda mais espetacular essas relações, é obrigatório
entender que tudo isso se passa em uma realidade familiar e cultural,
que tem interferência no entendimento de como os tratamentos ocorrem.
Atualmente
os estudos que testam a resposta dos medicamentos permitem que os
psiquiatras possam inicialmente tratar quadros depressivos de diversas
formas, ou seja, existem vários tipos de antidepressivos - mesmo quando
pensamos em medicamentos de um mesmo tipo, ainda sim há mais do que uma
possibilidade. Alguns exemplo são: fluoxetina, sertralina e
escitalopram, todos antidepressivos de um mesmo tipo. Por isso os
psiquiatras pensam em diversas outras condições além da doença em si
para decidir qual medicação iniciar.
Uma das condições levada em
conta é perfil colateral de cada medicamento. Existem medicamentos que
em geral causam mais sono, por exemplo, e podem ser utilizados em
pacientes que estão apresentando insônia. Já outras medicações diminuem o
apetite e são evitadas em pessoas com dificuldades em manter um peso
mínimo. Outra condição muitas vezes importante é saber as medicações que
são utilizadas eventualmente por familiares e que ajudam de maneira
substancial, pois algumas vezes um filho pode ter a melhor resposta com o
mesmo medicamento que ajudou seu pai. Além disso, pacientes que já
fizeram tratamento anteriormente e tiveram uma boa resposta podem voltar
a ter uma nova resposta adequada com a mesma medicação.
Existem
escalas que podem ser preenchidas pelos psiquiatras, equipe de
enfermagem, familiares e o próprio paciente em diferentes fases do
tratamento que verificam a adesão, os efeitos colaterais e as melhoras
que ocorrem. Em geral, conversamos antes de começar uma medicação o que
irá melhorar antes ou depois e em quanto tempo cada uma das melhoras
costuma ocorrer. Além das melhoras também conversamos sobre os efeitos
colaterais e os prazos para que eles possam diminuir ou sumir.
Temos
prazos médios já conhecidos para as diferentes classes de medicamentos
sobre quanto tempo devemos esperar até observar resposta. Por exemplo,
quando utilizamos antidepressivos para quadros depressivos, sabemos que
seis semanas é o prazo para que ocorra ao menos alguma melhora. O mais
interessante é que o mesmo antidepressivo, quando usado para casos de
Transtorno Estresse Pós-Traumático ou Transtorno Obsessivo Compulsivo,
podem levar 12 ou até mesmo 20 semanas para se obter uma avaliação da
melhora.
Todas essas orientações feitas antes de começar a medicação
e a cada reavaliação aumentam a possibilidade do tratamento ser bem
sucedido. E caso não ocorra uma melhora no prazo esperado, mesmo com
aumento da dose, ou caso os efeitos colaterais sejam difíceis de
suportar, é possível optar pela troca da medicação junto com o paciente,
que passa a ser corresponsável pelo tratamento e pelas decisões
inclusive quanto aos medicamentos.
Minha Vida
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