Rio - O acúmulo de lixo no interior e na porta de uma casa num bairro
da Zona Norte do município do Rio mobilizou vizinhos e até a
prefeitura. Mas o que para alguns soa como negligência, na verdade é um
problema psicológico conhecido por Síndrome de Diógenes. Pessoas com o
mal, dizem especialistas, acumulam objetos sem valor.
Segundo Fábio Soares, gerente da Clínica da
Família Olímpia Esteves, que coordenou a ação, o caso da moradora da
Zona Norte chegou à unidade há três anos, mas o começo da retirada do
lixo só começou mês passado, na calçada e no quintal.
Ele explicou que a mulher, assim como outros
portadores da síndrome, têm resistência em se desfazer dos objetos
acumulados e acredita que há valor neles. “O lixo não cabia mais na
residência e já estava fechando a calçada”, disse ele. De acordo com
Fábio, a paciente continua em tratamento psicológico na clínica, o
próximo passo é entrar na casa, porque ainda há lixo em seu interior.
Foi feito também um trabalho de educação com os vizinhos, para que eles
entendessem a doença. “Não podemos retirar o lixo de forma brusca,
porque seria um trauma para a paciente”, diz.
Fátima Vasconcellos, psiquiatra e diretora
médica da Santa Casa de Misericórdia, explica que a síndrome tem relação
com o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). “Isso por causa da parte
da compulsão. A síndrome é uma acumulação compulsiva, com incapacidade
de se separar do objeto”.
Programa mostra o mal
Na TV, o programa ‘Acumuladores’, do canal
Discovery Home and Health, mostra a realidade de quem sofre da Síndrome
de Diógenes. Em cada episódio, os pacientes são acompanhados e dão
depoimentos. Além disso, as câmeras registram o momento em que um
psicólogo e uma equipe de limpeza intervêm na situação.
Segundo Fátima, o processo para se desfazer dos
objetos é lento, e é necessário recorrer à psicoterapia. Além disso, em
muitos casos são receitados medicamentos antidepressivos. “Tentamos
entender por que a pessoa acumula tanto, e tentamos fortalecê-la,
mostrando que não haverá dano em jogar tudo fora”.
A psiquiatra acrescenta que o diagnóstico é
‘visual’, feito a partir dos objetos acumulados. “Os pacientes não
reconhecem aquilo como lixo. Para eles, é algo de valor”, conclui.
O Dia
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