Paris - A ingestão de antidepressivos durante a
gravidez pode estar relacionada ao risco de hiperatividade das crianças,
sugere um estudo americano publicado nesta terça-feira (26/8) em uma
revista do grupo Nature
Os transtornos por déficit de atenção com
hiperatividade (TDAH) se caracterizam pelas dificuldades que algumas
crianças têm em se concentrar ou realizar atividades complexas.
Estas
desordens afetariam de 3% a 5% das crianças em idade escolar na França,
segundo diferentes estudos, e se caracterizam por uma forte
impulsividade e a dificuldade para permanecer sentado no mesmo lugar ou
esperar sua vez.
Neste estudo publicado na Molecular Psychiatry (grupo
Nature), especialistas do Massachusetts General Hospital "observam um
risco persistente de TDAH após uma exposição aos antidepressivos,
particularmente durante o primeiro trimestre" de gravidez.
Este estudo estatístico foi realizado com dados de um sistema de
cuidados do nordeste dos Estados Unidos, com uma amostra de 2.243
menores com problemas de TDAH e com 1.377 crianças autistas. O objetivo
inicial era estabelecer se os antidepressivos durante a gravidez
provocam um maior risco de autismo, como alguns estudos haviam sugerido.
Leia também:
Depressão atinge 10% da população, mas saúde pública não consegue diagnosticar
Neste
sentido, os cientistas consideram que, finalmente, o vínculo é "não
significativo", já que é preciso levar em conta outro fator
potencialmente agravante para o autismo em crianças: o estado depressivo
da mãe. Por sua vez, os pesquisadores descobriram que é significativa a
associação entre a ingestão de antidepressivos por parte da mãe
gestante e o risco de desordens de atenção com hiperatividade em
crianças.
Este risco é, no entanto, "modesto em termos
absolutos", e o resultado pode ter sido afetado por erros em matéria de
classificação, reconhecem os pesquisadores, que exigem estudos
adicionais sobre este assunto. Em um comentário separado, o psiquiatra
britânico Guy Goodwin também se mostra prudente. Considera que o alcance
do estudo é limitado e estima que é possível e inclusive provável que o
efeito observado esteja relacionado a riscos genéticos crescentes,
herdados da mãe, de sofrer transtornos psiquiátricos.
Correio Braziliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário