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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Doentes terminais são vítimas de bando em hospitais privados

Foto: Divulgação Familiares de um idoso que estava com suspeita de câncer
no Hospital da Unimed em Volta Redonda foram alvos dos criminosos, no dia 2
Delegado investiga estelionatários que ‘vendem’ remédios e diz que há funcionários envolvidos 

Rio - A Polícia Civil investiga uma quadrilha especializada em aplicar golpes em parentes de pessoas internadas em hospitais privados de Volta Redonda, no Sul Fluminense, e até em outros estados. 

O último registro feito na 93ª DP (Volta Redonda), no dia 2, teve como alvo familiares de idoso que estava no Hospital da Unimed, no bairro Belvedere. 

O criminoso fez contato com a mulher de um paciente com suspeita de ter câncer, fingiu ser um médico daquela unidade de saúde e ofereceu medicamento de R$ 10 mil, que não estaria disponível na unidade. Preocupada, a família acabou comprando o remédio, que nunca recebeu.

O delegado Antônio Furtado, da 93ª DP, convocou 34 funcionários da Unimed, incluindo o médico que atendeu o idoso, para prestar depoimentos a partir de hoje. “Todos que estavam de plantão no dia 2 vão depor. Não tenho dúvida da participação de funcionários do hospital no esquema, pois o bando tem acesso a informações privilegiadas de pacientes. É uma das formas mais sórdidas de crime, pois o golpista se vale do desespero de pessoas em estado terminal e seus familiares”, disse o delegado. 

Ainda segundo ele, um outro golpe, de R$ 4 mil, também aplicado no mesmo hospital, é investigado. Ele disse que os hospitais particulares mais caros são os alvos preferidos da quadrilha de estelionatários.

Uma das vítimas, X., de 73 anos, contou que o marido estava no Hospital da Unimed, com suspeita de câncer, para onde tinha sido levado para a realização de exames. Poucos minutos após ele sair, o telefone tocou no quarto. Um homem se identificou como o médico que o estava atendendo. 

“Ele disse que meu marido estava realmente com câncer, mas que tinha um remédio poderoso, que custava R$ 10 mil, e era de um laboratório do Mato Grosso. Mas o dinheiro tinha que ser depositado naquele dia, pois o estoque estava baixo. E a primeira dose tinha que ser aplicada logo. Entrei em desespero”, disse X.

Atônita, a vítima ligou para o filho, em Vitória (ES), que não hesitou em fazer o depósito. “À noite, um funcionário me disse, na frente do meu marido, que eu tinha caído numa trapaça. Eu passei mal, e meu marido piorou. No dia seguinte, o médico disse que seu nome já havia sido usado em outros golpes semelhantes”, contou X.

Depósito feito em conta do Mato Grosso do Sul
No dia 2, o filho de X. e do paciente internado com suspeita de câncer colocou pouco mais de R$ 10 mil, através de três depósitos, na conta de uma mulher de nome Luciana, supostamente dona de conta poupança na Caixa Econômica Federal, na cidade de Três Lagoas, no Estado do Mato Grosso do Sul.

A pessoa que estava ao telefone informou à vítima que Luciana seria a responsável pelo laboratório incumbido de fornecer o medicamento de alto custo a preços mais acessíveis. “Por se tratar de um golpe, logicamente, o remédio prometido nunca foi entregue”, comentou o delegado Antônio Furtado.

Os parentes dizem que ao entrarem em contato com a Ouvidoria da Unimed, a alegação foi que todos os medicamentos são fornecidos aos internados. Entretanto, a família assegura que, quando deram entrada no hospital e foi apresentada a relação de medicamentos usados pelo paciente, havia a informação de que vários deles estariam em falta.

Empresa orienta a prestar queixa
A Unimed-Volta Redonda informou, através de nota, que desde o primeiro momento em que a família fez contato com a unidade, foi dada toda a atenção ao caso. “O setor jurídico do hospital foi acionado e imediatamente orientou os familiares e o médico citado no caso a registrarem um boletim de ocorrência. Os registros foram feitos, conforme a nossa recomendação”, diz um trecho da nota.

Ainda segundo a Unimed, a empresa está colaborando com a investigação e aguarda a conclusão do inquérito para saber se vai ou não ressarcir a família do paciente, que se encontra atualmente com o quadro de saúde estável, pelo golpe realizado dentro de sua unidade.

“Cabe ressaltar que toda e qualquer prescrição médica realizada durante o período de internação, inclusive medicações, é registrada no prontuário eletrônico do paciente, sendo o fornecimento e a sua administração de inteira responsabilidade do Hospital Unimed-Volta Redonda. O caso também está sendo tratado pela ouvidoria da unidade”, completa o texto.

O Dia

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