Foto: Divulgação Familiares de um idoso que estava com suspeita de câncer
no Hospital da Unimed em Volta Redonda foram alvos dos
criminosos, no dia 2
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Delegado investiga estelionatários que ‘vendem’ remédios e diz que há funcionários envolvidos
Rio - A Polícia Civil investiga uma quadrilha especializada em
aplicar golpes em parentes de pessoas internadas em hospitais privados
de Volta Redonda, no Sul Fluminense, e até em outros estados.
O último
registro feito na 93ª DP (Volta Redonda), no dia 2, teve como alvo
familiares de idoso que estava no Hospital da Unimed, no bairro
Belvedere.
O criminoso fez contato com a mulher de um paciente com
suspeita de ter câncer, fingiu ser um médico daquela unidade de saúde e
ofereceu medicamento de R$ 10 mil, que não estaria disponível na
unidade. Preocupada, a família acabou comprando o remédio, que nunca
recebeu.
O delegado Antônio Furtado, da 93ª DP, convocou
34 funcionários da Unimed, incluindo o médico que atendeu o idoso, para
prestar depoimentos a partir de hoje. “Todos que estavam de plantão no
dia 2 vão depor. Não tenho dúvida da participação de funcionários do
hospital no esquema, pois o bando tem acesso a informações privilegiadas
de pacientes. É uma das formas mais sórdidas de crime, pois o golpista
se vale do desespero de pessoas em estado terminal e seus familiares”,
disse o delegado.
Ainda segundo ele, um outro golpe, de R$ 4 mil, também
aplicado no mesmo hospital, é investigado. Ele disse que os hospitais
particulares mais caros são os alvos preferidos da quadrilha de
estelionatários.
Uma das vítimas, X., de 73 anos, contou que o marido estava no Hospital da Unimed, com suspeita de câncer, para onde tinha sido levado para a realização de exames. Poucos minutos após ele sair, o telefone tocou no quarto. Um homem se identificou como o médico que o estava atendendo.
“Ele disse que meu marido estava realmente com
câncer, mas que tinha um remédio poderoso, que custava R$ 10 mil, e era
de um laboratório do Mato Grosso. Mas o dinheiro tinha que ser
depositado naquele dia, pois o estoque estava baixo. E a primeira dose
tinha que ser aplicada logo. Entrei em desespero”, disse X.
Atônita, a vítima ligou para o filho,
em Vitória (ES), que não hesitou em fazer o depósito. “À noite, um
funcionário me disse, na frente do meu marido, que eu tinha caído numa
trapaça. Eu passei mal, e meu marido piorou. No dia seguinte, o médico
disse que seu nome já havia sido usado em outros golpes semelhantes”,
contou X.
Depósito feito em conta do Mato Grosso do Sul
No dia 2, o filho de X. e do paciente internado
com suspeita de câncer colocou pouco mais de R$ 10 mil, através de três
depósitos, na conta de uma mulher de nome Luciana, supostamente dona de
conta poupança na Caixa Econômica Federal, na cidade de Três Lagoas, no
Estado do Mato Grosso do Sul.
A pessoa que estava ao telefone informou à
vítima que Luciana seria a responsável pelo laboratório incumbido de
fornecer o medicamento de alto custo a preços mais acessíveis. “Por se
tratar de um golpe, logicamente, o remédio prometido nunca foi
entregue”, comentou o delegado Antônio Furtado.
Os parentes dizem que ao entrarem em contato
com a Ouvidoria da Unimed, a alegação foi que todos os medicamentos são
fornecidos aos internados. Entretanto, a família assegura que, quando
deram entrada no hospital e foi apresentada a relação de medicamentos
usados pelo paciente, havia a informação de que vários deles estariam em
falta.
Empresa orienta a prestar queixa
A Unimed-Volta Redonda informou,
através de nota, que desde o primeiro momento em que a família fez
contato com a unidade, foi dada toda a atenção ao caso. “O setor
jurídico do hospital foi acionado e imediatamente orientou os familiares
e o médico citado no caso a registrarem um boletim de ocorrência. Os
registros foram feitos, conforme a nossa recomendação”, diz um trecho da
nota.
Ainda segundo a Unimed, a empresa
está colaborando com a investigação e aguarda a conclusão do inquérito
para saber se vai ou não ressarcir a família do paciente, que se
encontra atualmente com o quadro de saúde estável, pelo golpe realizado
dentro de sua unidade.
“Cabe ressaltar que toda e qualquer prescrição
médica realizada durante o período de internação, inclusive medicações, é
registrada no prontuário eletrônico do paciente, sendo o fornecimento e
a sua administração de inteira responsabilidade do Hospital
Unimed-Volta Redonda. O caso também está sendo tratado pela ouvidoria da
unidade”, completa o texto.
O Dia
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