Estados americanos que legalizaram a droga para controlar a dor crônica têm menos mortes causadas por esses remédios
Um novo estudo publicado nessa segunda-feira no “JAMA Internal
Medicine” apontou que estados que já legalizaram a maconha para
controlar a dor crônica têm significativamente menos mortes por
overdoses de analgésico a cada ano nos Estados Unidos.
Os pesquisadores analisaram as leis da maconha medicinal e os
atestados de óbito em todos os 50 estados entre 1999 e 2010. Durante
esse tempo, apenas 13 estados tinham leis de maconha medicinal.
- Descobrimos que havia uma taxa cerca de 25% menor de mortes por
overdose de analgésico de prescrição, em média, após a implementação de
uma lei de maconha medicinal - disse o principal autor do estudo, Marcus
Bachhuber.
Segundo o estudioso, somente em 2010 os estados com leis de maconha
medicinal tinham registrado aproximadamente 1.700 menos mortes por
overdose do que seria esperado com base nos números antes de tais leis
serem aprovadas.
- Pode ser um desafio para as pessoas controlar a dor crônica, então
eu acho que quanto mais opções tivermos, melhor - disse Bachhuber,
médico do Centro Médico de Assuntos de Veteranos, que tem tratado muitos
pacientes com dor crônica.
Ele adiciona, no entanto, que é importante pesar os riscos e benfícios da maconha medicinal.
Em 2011 55% das mortes por overdose eram de medicamentos
Os analgésicos opioides são uma classe de drogas que incluem
analgésicos como morfina, metadona e oxicodona. De acordo com o estudo, o
número de pacientes nos Estados Unidos com dor crônica que recebem
prescrições para uma dessas drogas quase dobrou nos últimos 10 anos, e
as taxas de overdose aumentaram dramaticamente.
As estatísticas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças este
cenário é epidêmico, visto que overdose por drogas se tornaram a
principal causa de morte por lesão nos Estados Unidos. Em 2011, 55% das
mortes por overdose de drogas foram relacionados à prescrição de
medicamentos; 75% destes analgésicos opioides envolvidos.
Foto: Ted S. Warren / AP - Pesquisa sobre canabinoides devem ser realizadas para determinar sua segurança e eficácia |
- O abuso de drogas de prescrição e as mortes por overdose se
tornaram crises de saúde pública nacionais - disse Colleen Barry, autora
sênior do estudo e professora associada da Escola de Saúde Pública John
Hopkins Bloomberg. - Enquanto a nossa consciência do vício e dos riscos
por overdose crescem, indivíduos com dor crônica e seus médicos podem
estar optando por tratar dor inteiramente ou em parte com maconha
medicinal.
Vinte e três estados e o Distrito de Columbia atualmente têm leis
sobre a maconha medicinal nos livros, que se dirigem a uma gama de
condições - de câncer, HIV, esclerose múltipla para glaucoma - em que a
cannabis proporciona alívio. Na maioria dos estados, a dor crônica ou
grave é a principal razão.
1,5 bilhões de pessoas sofrem de dor crônica
Dados da Academia Americana de Medicina de Dor (AAPM, na sigla em
inglês) apontam que mais de 1,5 bilhões de pessoas no mundo sofrem de
dor crônica, incluindo 100 milhões de americanos.
Lynn Webster, ex-presidente da Academia, afirmou não estar surpreso
com os resultados do estudo ou que a maconha possa ser uma alternativa
mais segura que os opioides para algumas pessoas.
- AAPM acredita que precisamos fazer a pesquisa sobre canabinoides
para determinar sua segurança e eficácia - disse ele. - O problema com a
maconha medicinal é que nunca sabemos ao usá-la que produtos químicos
estão sendo ingeridos. Isso torna realmente imprevisível, mas o uso de
canabinoides pode muito bem ter um lugar no tratamento da dor e outras
doenças.
Os pesquisadores esclareceram que houve algumas limitações ao estudo. Por exemplo, certidões de óbito podem não classificar as mortes por overdose corretamente e analgésicos opioides reportados nesses documentos podem ser diferentes de estado para estado.
Os pesquisadores esclareceram que houve algumas limitações ao estudo. Por exemplo, certidões de óbito podem não classificar as mortes por overdose corretamente e analgésicos opioides reportados nesses documentos podem ser diferentes de estado para estado.
Bachhuber concluiu que mais pesquisas são necessárias antes de que qualquer recomendação possa ser feita.
- Nós não podemos conhecer diretamente o mecanismo subjacente de
nossas descobertas, mas com base no que sabemos, pensamos que poderia
ser devido ao tratamento mais seguro de dor crônica - disse Bachhuber. -
Descobrimos que as leis da maconha medicinal podem trazer benefícios
inesperados para a saúde pública. À medida que mais estados aprovam
essas leis, será importante continuar a coleta de informações para ver
se o que pode estar acontecendo em outros estados também.
O Globo
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