Carl de Souza /AFP Mulher suspeita de contrair ebola tem a temperatura medida em hospital em Kenema, em Serra Leoa |
Aldeias inteiras foram isoladas em quarentena
Se a epidemia de ebola já matou mais de mil pessoas desde fevereiro
na África Ocidental, um dos efeitos colaterais tão grave quanto o
próprio surto é a crise humanitária vivida na região, onde quase um
milhão de pessoas estão privadas de água e comida.
De acordo com
último balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 2.100
africanos já foram infectados com o vírus na Libéria, Serra Leoa, Guiné e
Nigéria. Em cinco meses, 1.145 pacientes já morreram.
E para limitar o contágio, regiões gravemente afetadas na fronteira
comum entre esses países foram colocadas em quarentena, deixando mais de
um milhão de pessoas isoladas e privadas de alimentos e outras
necessidades básicas. Médicos e voluntários estrangeiros contam que
vilas inteiras foram postas em quarentena e deixadas à própria sorte,
“em modo semelhante ao usado em aldeias na Idade Média contaminadas pela
peste negra”.
Equipes médicas e agentes de saúde enfrentam
problemas e resistência para tentar controlar a epidemia, já que quase
não há voluntários para forçar essas comunidades a se isolarem. Parentes
também estão trazendo de volta pacientes dos centros de saúde para
morrer em suas aldeias de origem, agravando o risco de propagação do
vírus.
Pacientes fogem de centro médico
Embora
o número de mortes causadas pelo vírus cresça a cada dia, muitos
habitantes de comunidades começam a demonstrar ceticismo quanto à
doença. Na noite de sábado, um grupo de homens armados e uma multidão
invadiram um posto médico em Monróvia, capital da Libéria, saqueado
equipamentos e destruindo o local. No total, dos 29 pacientes internados
no centro com ebola, nove morreram e outros 20 que estavam sendo
monitorados tiveram de fugir, aumentando o risco de contaminação.
Ainda
não se sabe ao certo o paradeiro desses 20 fugitivos. Um funcionário do
ministério da saúde local afirmou que os todos suspeitos de
contaminação sobreviventes haviam sido transferidos para outro posto
médico. No entanto, de acordo com repórteres de agências internacionais
que acompanhavam o tumulto, 17 teriam escapado do hospital.
Ainda
não se sabe o motivo para a invasão do posto médico. O ministro da
Saúde assistente da Libéria, Tolbert Nyenswah, afirmou que os
manifestantes estavam indignados pelo fato de pacientes de todo o país
estarem sendo trazidos para a capital Monróvia. Outros relatos dão conta
que a multidão queria fechar à força o centro médico de quarentena.
A
invasão do hospital é considerado um grande revés na luta contra o
ebola, já que a transmissão do vírus é feita pelo contato corporal
direto entre a pessoa e o paciente contaminado. De acordo com último
balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS), 1.145 pessoas morreram
por conta do ebola no Oeste da África, sendo mais de 400 somente na
Libéria.
Enquanto isso, a equipe do Médicos Sem Fronteiras abriu
neste domingo uma nova clínica em Monróvia, que pretende ser a maior em
tratamento de Ebola na Libéria. Já a unidade O centro, que invadida no
sábado também deve reabrir nesta segunda-feira.
O Globo
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