Por Dr. Bruno Valdigem
Arritmias cardíacas
são qualquer variação do ritmo ou frequência cardíaca. Cada batimento
cardíaco é causado por um impulso elétrico que percorre todo o músculo,
"forçando" este a diminuir de tamanho. No coração isso serve para
impulsionar sangue. Considerando que o sangue chega ate o coração
proveniente de todo o corpo de forma regular, e que tudo que chega ate o
coração deve seguir em frente, vemos como acontecem os sintomas da arritmia.
Se um batimento chega antes do tempo, ele vai empurrar menos sangue
para o corpo (cérebro, rins e músculos). O batimento que segue, se
esperar o tempo certo de bater, vai acumular o sangue que não saiu no
anterior (por que este não tinha chegado) junto com a quantidade
habitual fora da arritmia. Nesse caso o paciente vai sentir um ?pulo? no
peito ou na garganta. Se a arritmia for rápida demais, o sangue não vai
conseguir ser empurrado a tempo e vai acumular nos pulmões e às vezes
nas pernas também. Se o coração estiver muito lento, o espaço entre uma
batida e outra vai ser tão grande que a pressão dentro da aorta vai
subir e descer gradualmente e em tanta quantidade que vai gerar cansaço:
não tem fluxo pra chegar até os dedinhos ou até o cérebro.
Então síncope, palpitações ou falta de ar podem ser causados por
arritmias. Ainda que a maioria seja benigna, algumas podem levar à
morte.
O
tema desse capítulo é estresse e arritmias. E como ligar um a outro?
Estresse pode ser um importante mimetizador de sintomas, ansiedade pode
criar todos os sintomas descritos acima. A síndrome de "Burnout" (em
tradução livre, esgotamento), frequentemente causa hipertensão arterial,
doenças coronarianas (infarto, angina), e mantém o paciente com elevado
nível de catecolaminas - leia-se adrenalina. A adrenalina que serve
para aumentar a pressão arterial, preparar mecanismos de luta e fuga,
reduzir o limiar de dor, aumentar a frequência cardíaca e facilitar
reflexos do sistema nervoso autônomo.
A pressão elevada pode
facilitar a doença cardíaca em vários níveis, até o molecular. O
convívio com situações estressantes e os níveis de adrenalina elevados
facilitam "disparos" elétricos no coração, e estes viram contrações
prematuras; Essas contrações podem se perpetuar e até ficar sustentadas,
substituindo o ritmo normal do coração por ritmos aleatórios.
O
estresse físico em excesso e mantido (como pode ser visto em atletas de
alta performance) deixa a pessoa mais propensa a arritmias como
fibrilação atrial. Estresse crônico como em casos de apneia do sono,
hipertensão arterial e insuficiência cardíaca podem levar a todos os
tipos de arritmia, e mesmo morte súbita. Estresse emocional já é um
fator comprovado para alterações arrítmicas e mesmo do formato do
coração, como a "Síndrome do coração partido" - que por incrível que
pareça existe mesmo!
Muitas pessoas também acabam utilizando
antidepressivos para tratar de condições psiquiátricas. A maioria dos
antidepressivos têm efeitos facilitadores de arritmias, bem como algumas
medicações utilizadas em quadros neurológicos.
Existem grupos
hoje mesmo em São Paulo que apostam em tratamentos não convencionais
como psicoterapia e acupuntura, que visam compensar a psique ou a
energia do paciente como forma de reduzir o ônus da doença. Ainda hoje
estes trabalhos não têm peso científico, mas acredito que a visão sobre a
causa e tratamento das arritmias tende a observar que algumas são
dependentes do estado do indivíduo como um todo, não apenas um coração.
Minha Vida
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