Dipirona estaria sendo substituída por morfina em tratamentos; CRF-MG informou que a situação da farmácia é irregular
Um inquérito da Polícia Civil e uma
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal de
Capelinha, no Vale do Jequitinhonha, apuram denúncias de substituições e
extravios de medicamentos dentro da Fundação São Vicente de Paula, na
cidade.
As supostas irregularidades ocorridas na farmácia do hospital foram
relatadas por funcionários da unidade de saúde à Polícia Militar (PM).
Criada na última quinta-feira (28), a CPI sobre o caso deve ser
concluída em até 90 dias. A previsão é que a investigação policial seja
concluída em um mês.
Há relatos de extravio de mais de 1.300 ampolas de Cloridrato de
Petidina (analgésico similar à morfina) e de comprimidos de morfina,
segundo a delegada Júnia Nara Rodrigues Rocha, da Delegacia de Repressão
a Crimes contra Patrimônio. Além disso, pacientes estariam sendo
tratados com dipirona e decadron no lugar de morfina e de dolantina,
substituições que reduzem o resultado do tratamento nos casos de
pacientes com dor aguda.
“Começamos a realizar diligências. Vamos ouvir funcionários do
hospital”, informou a delegada. “A Polícia Civil vai fazer se empenhar
ao máximo para cumprir o prazo”, disse Júnia. Ela não informou detalhes
sobre suspeitos e depoimentos, para não atrapalhar as investigações.
A delegada responsável pelo caso afirmou que o inquérito tem
prioridade. “A denúncia é muito grave. Vamos fazer perícia nas
substâncias para saber se ocorreram trocas”, disse Júnia.
Irregularidade
O hospital está regular junto ao Conselho Regional de Medicina
(CRM-MG). No entanto, segundo a assessoria de imprensa do Conselho
Regional de Farmácia de Minas Gerais (CRF-MG), a farmácia está irregular
desde 2012, última vez que houve registro de profissional responsável
pela fundação na entidade. Para operar, a farmácia deveria ter registro
no órgão.
“A denúncia é gravíssima, pois qualquer funcionário pode estar tendo
acesso a medicamentos e colocando a população em risco. Para o CRF-MG, a
farmácia do hospital não estava mais em atividade”, considera Claudiney
Luís Ferreira, vice-presidente do CRF-MG.
O vice-presidente do CRF-MG também criticou a suposta troca de
remédios. “Aplicar dipirona em paciente com câncer não vai adiantar”,
disse Ferreira.
Em nota, a fundação confirma a existência de inquérito policial para
apurar o desaparecimento de medicamentos da farmácia do hospital. A
unidade de saúde não se pronunciou sobre a situação da farmácia.
No registro do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
(Datasus), o hospital faz atendimentos básicos e de média complexidade,
privados e públicos, e conta com 11 médicos ligados ao SUS e outros 34
funcionários.
Fiscalização
Regulação
A tarefa de fiscalizar a farmácia é do
hospital e do município, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES).
No entanto, para a Vigilância Sanitária Municipal, no entanto, a
responsabilidade seria da SES.
Denúncias
A delegada Júnia Nara Rodrigues Rocha,
que investiga o caso, informou que Ministério Público de Minas Gerais e
Associação dos Servidores Públicos Municipais de Capelinha também
denunciaram supostas irregularidades na farmácia do hospital. O
inquérito policial foi instaurado no início desta semana.
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