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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Santa Casa de SP deve demitir ao menos 50% dos funcionários na próxima semana

Marcos Bezerra/Futura Press
Portas da instituição fechadas por falta de recursos no 
último dia 21 de julho: crise interminável
Financiada pelo SUS e pelo governo paulista, instituição chegou a fechar pronto-socorro em julho por falta de recursos
 
Menos de dois meses depois de ter sido obrigada a fechar as portas devido à falta de recursos, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo deverá reduzir em ao menos 50% os seus gastos até a próxima semana. A informação foi obtida pelo iG por uma médica que trabalha há anos na instituição. Ela pediu à reportagem para manter em sigilo sua identidade.
 
Segundo a médica, o corte, anunciado por um diretor da Santa Casa na terça-feira (9), atingirá áreas especializadas como a Unidade de Dor Torácica, o Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental e a ala infantil. As demissões em massa devem ocorrer no próximo dia 18 de setembro, mas os funcionários ainda não sabem quem será dispensado.
 
"Sinto tristeza por tudo o que vivi e aprendi lá dentro. Tristeza pelos pacientes que deixarão de ser atendidos porque o governo está preocupado com campanha eleitoral e não quer gastar com saúde nem com nada", disse a médica. "Espero que as portas não se fechem de vez. Vamos torcer para que alguém do alto escalão se mobilize."
 
A crise da Santa Casa paulistana, localizada na região central de São Paulo, ficou escancarada nacionalmente no último dia 22 de julho, quando a instituição interrompeu os atendimentos de urgência e emergência devido à falta de recursos para aquisição de materiais e medicamentos. Na ocasião, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo liberou de forma emergencial R$ 3 milhões para que, após um dia inteiro fechado, fosse reaberto o pronto-socorro do hospital filantrópico financiado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelo governo do Estado.  
 
Poucas semanas atrás, em 21 de agosto, representantes de santas casas e hospitais filantrópicos do Brasil encaminharam à presidente Dilma Rousseff ofício com reivindicações para ampliação de custeio com atendimentos hospitalares, destinação de recursos para o pagamento integral das bolsas de residência médica, criação de linhas de financiamento e solução para as dívidas do setor, com base nas políticas destinadas ao setor agrícola.
 
De acordo com o presidente da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), Edson Rogatt, as instituições apresentam atualmente um déficit de R$ 15 bilhões - que pode atingir R$ 17 bilhões até o fim do ano.
 
Procurada, a assessoria de imprensa da instituição não foi encontrada para comentar sobre os cortes até o fechamento desta reportagem.
 
iG

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