Campanha iniciada na Inglaterra que ganhou nos últimos dias a adesão de várias celebridades internacionais, como o ator australiano Hugh Jackman, protagonista da série Wolverine, pode ajudar no combate ao câncer de testículos em homens de todo o mundo
O presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Carlos Corradi, considerou como positiva qualquer iniciativa que conscientize o homem sobre a importância do autoexame. “Os homens têm que apalpar os testículos. Se aparecer um nódulo ou uma tumoração, tem que procurar o médico”, disse à Agência Brasil.
Embora o tumor de testículo corresponda a 5% do total de casos de câncer entre os homens, apresente baixo índice de mortalidade e seja facilmente curado quando detectado precocemente, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o presidente da SBU destacou que esse tipo de câncer preocupa porque sua maior incidência é em homens em idade produtiva, entre 15 e 50 anos. “Ele ocorre na juventude, com pico máximo entre 17 e 34 anos”, disse Corradi.
É na fase produtiva, segundo o Inca, que há chance de o câncer ser confundido, “ou até mesmo mascarado, por orquiepididimites (inflamação dos testículos e dos epidídimos, canal localizado atrás do testículo e que coleta e carrega o esperma), geralmente transmitidas sexualmente”.
Carlos Corradi esclareceu que ao contrário do exame para detecção de tumor de mama, não há possibilidade de falsos negativos no exame dos testículos, isto é, parecer que tem um tumor e não ter, porque estes são mais fáceis de apalpar. Insistiu que são tumores raros, mas importantes, na medida em que acometem homens jovens. O importante, apontou, é que há um elevado índice de cura.
Quando é detectado um tumor desse tipo, o paciente retira o testículo afetado e coloca uma prótese de silicone. “O outro [testículo] compensa a falta do que foi retirado, normalmente”. Em menos de 1% dos casos, o câncer de testículos é bilateral, informou o especialista. Fisicamente, o homem não fica com nenhum problema que o diferencie dos demais, devido à prótese que é colocada, acrescentou. Corradi explicou ainda que o paciente que retira um testículo com câncer não fica impotente e não perde a fertilidade.
Dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS) mostram que as mortes por tumores malignos nos testículos totalizaram 887 casos no Brasil entre os anos de 2010 e 2012, com maior incidência nas regiões Sudeste (383), Sul (253) e Nordeste (123). Nas regiões Norte e Centro-Oeste, as mortes somaram 79 e 49 casos, respectivamente, no período. O presidente da SBU acredita que o número de doentes desse tipo de câncer deve ser maior, por causa dos casos subnotificados, atingindo em torno de 3 mil pacientes. “Esse câncer não é notificado”, disse.
Ele considerou que a campanha do Reino Unido é positiva. “Tudo que vem para o bem da saúde das pessoas é interessante”. Ressaltou ainda que se o indivíduo esperar o tumor crescer muito para tomar providência, poderá ocorrer a metaste e a doença se espalhar pelo corpo. A campanha lança um desafio aos homens para que postem fotos com a mão nos testículos de modo a mostrar a importância de se fazer o autoexame para verificar a existência de tumores.
“A vantagem de uma campanha dessas é a orientação popular para fazer o autoexame”. Corradi destacou que se brasileiros famosos aderirem à campanha isso ampliaria o seu alcance e contribuiria para os homens ficarem “mais atentos”. O link para acessar a campanha inglesa é http://www.checkonetwo.co.uk.
Agência Brasil
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