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quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Entidade vai padronizar tempo de jejum antes de exames laboratoriais

Falta de uma diretriz confunde pacientes, que, desinformados, muitas vezes ficam horas sem comer
 
A falta de unanimidade sobre o padrão de jejum para exames de sangue tem dividido médicos e laboratórios de análises clínicas. Em meio a recomendações diferentes, quem sofre é o paciente, que fica indeciso na hora de colher o sangue. Para fixar um novo padrão, a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML) vai elaborar uma diretriz de orientação aos estabelecimentos.

– Vamos revisitar esse assunto, criar um comitê para orientar os laboratórios nas novas metodologias. Não será uma lei, será uma orientação. Vamos chamar a indústria fabricante dos equipamentos laboratoriais para contribuir – explica a vice-diretora científica da SBPC/ML, Luisane Vieira.

Não há prazo para que essa normatização ocorra, mas as reuniões para discutir o tema devem se iniciar até o final do ano. O jejum sempre exigiu muita atenção do paciente, mas, graças a estudos científicos e aos avanços das técnicas de laboratório, já se sabe que nem todo exame exige um período longo sem alimentação.

– Essa exigência de jejum de oito horas para a maioria dos exames e de 12 horas para todo o perfil lipídico (dosagem dos tipos de gordura), historicamente, é pela preocupação de que houvesse uma total metabolização daquilo que foi ingerido, balizando as orientações por faixas de segurança bem amplas. Mas se sabe que este jejum prolongado é desnecessário para a maior parte dos exames – explica Myriam Perrenoud, responsável pela direção técnica do laboratório do Hospital São Lucas da PUCRS.

Há laboratórios, inclusive, que já eliminam a dieta no período anterior à realização de determinados testes, como ocorre no Hospital Mãe de Deus, que implantou a orientação neste ano.

– A maioria dos exames não exige mais jejum, principalmente os mais comuns, como hemograma, hormônios da tireoide, exames para diagnóstico de doenças infecciosas como hepatite, HIV e toxoplasmose – diz Carolina Rostirola, responsável técnica pelos laboratórios da instituição.

Para Luisane Vieira, é preciso estudar com calma uma recomendação padronizada, já que os laboratórios ainda não possuem, todos, a mesma tecnologia. Ou seja, por enquanto, o responsável técnico de cada estabelecimento tem autonomia, observando os equipamentos que usa, de exigir ou não o jejum:

– A tradição de os laboratórios pedirem o jejum é baseada em metodologias disponíveis há décadas. Essa corrente ainda é muito forte, já que a maior parte dos estudos que padronizaram valores de referência foi feita com pessoas em jejum pela manhã. Então, na hora em que eliminarmos esse jejum, qual será o novo valor de referência?

Enquanto novas diretrizes não são fixadas, o paciente que estiver diante de duas orientações diferentes de jejum deve seguir a recomendação médica.

– O médico ainda tem a última palavra. Se ele orientar o paciente a ficar ou não em jejum, é por motivos clínicos do que ele quer investigar – alerta Luisane.

Procurado, o presidente da Sociedade de Clínica Médica do Rio Grande do Sul, Fernando Starosta, preferiu não se manifestar. A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica e a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre informaram, por meio de assessoria, que não comentariam o assunto.
 
Zero Hora

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