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Deve-se aplicar o repelente de inseto no máximo três vezes ao dia
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Em tempos de dengue se alastrando assustadoramente por todo o País, não basta apenas comprar o primeiro repelente que se vê na farmácia e aplicá-lo indiscriminadamente.
Especialistas explicam que é necessário obedecer algumas regras para que a eficácia seja satisfatória e não aconteçam problemas maiores, como uma intoxicação. Repelente não é uma água insossa, mas um produto que, quando usado de maneira incorreta, pode causar efeitos colaterais.
A dermatologista Carolina Marçon, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, conta que há basicamente três tipos de repelentes disponíveis no Brasil. “O que contém DEET, IR 3535 ou icaridina”, diz ela. O primeiro deles, o DEET, é um dos mais comuns e protege a pessoa das picadas de inseto por quatro horas, em média. O IR 3535 também afugenta os mosquitos por até quatro horas.
O mais eficiente deles, à base de icaridina, consegue afastar os seres alados por até 10 horas, reduzindo a quantidade de aplicação ao longo do dia.
“Deve-se aplicar o repelente de inseto no máximo três vezes ao dia, por isso o de icaridina é mais interessante, dada sua eficácia prolongada. Além disso, quando se aplica menos vezes, o risco de reação ao repelente diminui”, diz a médica.
Atualmente, no entanto, consumidores têm tido dificuldade para encontrar o produto, já que apenas uma marca no Brasil comercializa o repelente com esse princípio ativo. Segundo o departamento de marketing da empresa, a produção desse tipo de repelente aumentou oito vezes, mas ainda não dá conta de toda a demanda.
A presidente do departamento de dermatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, Kerstin Taniguchi Abagge, explica que a maioria dos repelentes usa o DEET, substância sintética que pode causar reações alérgicas na pele, dependendo da sensibilidade de cada um, da concentração, do veículo (se creme, loção alcoólica ou spray) e se a pele está machucada ou não, já que lesões facilitam a penetração das substâncias.
“Existem atualmente repelentes sem DEET, que são mais seguros para crianças”, explica a médica. “Alguns repelentes causam reações sérias quando ingeridos, por isso há uma grande fiscalização da Anvisa quanto à concentração que pode ser comercializada no Brasil”, ressalta Kerstin.
Crianças menores de dois anos devem passar longe dos repelentes de inseto, salvo recomendação expressa e orientação do pediatra. “A criança tem pouca defesa corpórea e uma pele que absorve mais. O uso de repelente abaixo de dois anos de idade pode causar complicações sistêmicas, neurológicas e pulmonares”, alerta a dermatologista. Mosquiteiros podem ajudar a evitar as picadas, nesse caso.
Acima dessa idade, o repelente é relativamente seguro. No uso habitual, não costuma apresentar problema, nem mesmo para quem tem doenças respiratórias que normalmente sofrem com químicos inalados. Essa segurança existe pois o meio de administração do princípio ativo geralmente é alcoólico, explica o pneumologista do Hospital das Clínicas de São Paulo Francisco Mazon, que também é professor da Universidade de São Paulo (USP).
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O repelente de inseto deve ser aplicado nas áreas expostas - incluindo o rosto - no máximo três vezes ao dia, recomenda a Carolina. O pneumologista do HC Francisco Mazon explica ainda que a aplicação excessiva do repelente aumenta o risco de intoxicação.
“Isso varia de acordo com o tipo de repelente e a quantidade usada”, detalha. Segundo Francisco, parte do repelente pode ser absorvida pela pele, especialmente pelas mucosas, daí a recomendação para evitar o contato. “É necessário cuidado ao aplicar no rosto, evitando contato com as mucosas – boca, nariz e olhos – e aplicar sempre em local com boa ventilação”, recomenda.
Além disso, Kerstin recomenda que os pais ou cuidadores lavem as mãos das crianças depois da aplicação, já que elas podem colocar a mãos nos olhos ou na boca. “A criança não deve dormir com o repelente, e sim tomar banho com água e sabonete para removê-lo”, alerta. A mesma recomendação vale para os adultos. Não se dorme com repelente de insetos, afirma Carolina.
No caso de idosos, o repelente deve ser aplicado com cuidado, já que eles têm a pele mais frágil, segundo o geriatra do Hospital das Clínicas de São Paulo, Paulo Camiz.
“Se existirem feridas, pode ter a absorção pelo corpo e o repelente ser tóxico. Isso pode também acontecer em jovens, mas a chance de um idoso lesar a pele, por ser mais frágil, é maior”, alerta Camiz.
Citronela
Para a presidente da divisão de dermatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, os repelentes à base de citronela, assim como outras plantas, não são inofensivos e não demonstram uma efetividade superior aos demais.
“Podem causar reações alérgicas e mesmo reações do tipo ‘fitofotodermatite’, como aquelas causadas por frutas como o limão e plantas leitosas”, diz ela. “Nem sempre os produtos ditos ‘naturais’ são melhores que os sintéticos”, alerta Kerstin.
Carolina explica que ainda não há estudos que provem que a citronela é uma melhor opção.
“Portanto, repelentes com óleo de citronela, eucalipto e andiroba não têm segurança comprovada para se usar em crianças. Além disso, eles são muito voláteis e têm tempo de ação muito curto”, diz. “Mas também não podem ser aplicados mais do que três vezes ao dia”, recomenda.
Além disso, Carolina explica que a pulseira com citronela não é eficiente. “Ela protege num raio de quatro centímetros ao redor, ou seja, só aquela parte do braço”, alerta.
iG
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